Danilo Santos de Miranda, que por quase quarenta anos dirigiu o Sesc São Paulo, morreu neste domingo (29), em São Paulo, aos 80 anos. A informação foi confirmada por sua assessoria à Vejinha no final da noite, mas a causa da morte não foi divulgada. A instituição é um dos principais polos de cultura, lazer e educação do país, com 43 unidades e 7000 funcionários no estado de São Paulo – a mais recente delas na Casa Verde, Zona Norte da capital paulista. O velório será das 10hj às 15h de segunda-feira (30), no Sesc Pompeia, na Zona Oeste. A cerimônia de cremação está marcada para as 17h, no Cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra.
O sociólogo, uma das mais importantes personalidades da área cultural do país, nasceu em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, e passou a ser criado pelos avós aos 7 anos de idade, depois que sua mãe morreu em decorrência de uma nefrite, aos 31. Depois de completar 11 anos, por influência da avó católica, ingressou em um seminário jesuíta, na cidade de Friburgo, onde se aprofundou em estudos em diferentes áreas das humanidades e se engajou no grêmio e em atividades culturais. Estudou religião e filosofia no Mosteiro de Itaici, na cidade paulista de Indaiatuba, e ciências sociais da Faculdade Anchieta, em São Paulo.
Ingressou no Sesc (Serviço Social do Comércio) São Paulo em 1968. Em 1984, foi convidado a assumir a direção da entidade, cargo que ocupou até seu falecimento. Ele abriu dez unidades na capital paulista. Em entrevista a Vejinha, em 2021, disse que o maior legado do Sesc é a inclusão: “O legado do Sesc é inclusão e diversidade. Queremos abrir a porta e fazer com que as pessoas participem daquilo que quiserem: desde aulas de esporte até fazer teatro. O Sesc busca trazer a inclusão absoluta para o maior número de pessoas, independente da idade”. O Sesc São Paulo tinha 2,28 milhões de associados (segundo os números mais recentes do site oficial). Destes, 1,7 milhão ganhava até três salários mínimos.
Em junho deste ano, disse à Vejinha que tinha vontade de entregar todos os projetos ainda previstos no estado. “Quero entregar o bastão, mas está difícil”, afirmou. “Oitenta anos é uma data bem significativa. Enfim, então já está na hora (de sair), claro, percebo isso há algum tempo.” Questionado sobre o que o movia, disse “ser apaixonado pelo que faz e pela cultura, além de toda a sua formação ter sido voltada para o campo social e humanista”. “A saúde às vezes balança um pouco, mas eu estou tocando o barco. Fico até o momento que eu puder e tiver condições, e faço tudo como se estivesse começando hoje, mas sei que posso sair amanhã.” (ALESSANDRA BALLES e BARBARA DEMEROV)