Enquanto não resolve a pendenga da mudança para a nova sede, no antigo prédio do Detran, o MAC-USP abre em seu espaço no Pavilhão da Bienal a mostra Modernismos no Brasil. Trata-se de um excelente recorte na coleção do museu. Composta de 150 obras, a seleção discute a trajetória da arte moderna no país ao longo do século passado. A curadoria muito bem tramada por Tadeu Chiarelli investiga relações entre os trabalhos de artistas brasileiros e estrangeiros no período. Premiada na primeira Bienal, em 1951, a escultura “Unidade Tripartida”, do suíço Max Bill, posicionada logo no início do percurso, deixou rastros decisivos na geração de Lygia Clark e Waldemar Cordeiro. Os antigos conceitos de representação espacial, por sua vez, sofrem questionamentos na tela rasgada de Lucio Fontana e num móbile de Alexander Calder, também modelos fortes para concretistas e neoconcretistas.
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Perto dali, um diálogo parecido ocorre entre o óleo “Cabeça Trágica”, de Karel Appel, marcado pela dramaticidade e pelo exagero neoexpressionista, e a aterradora série de desenhos “Minha Mãe Morrendo”, de Flávio de Carvalho. Outras ligações são abordadas. Impressiona, por exemplo, a semelhança no uso de formas geométricas em trabalhos de Pablo Picasso e Ismael Nery — curiosamente, a tela de Nery, e não a do espanhol, foi feita antes. Não menos intrigante é observar a mesma serenidade exalada por uma natureza-morta de Morandi e uma marinha de Pancetti, ou notar como Guignard bebeu sem medo na fonte das pinturas religiosas e metafísicas italianas. E por aí vai: Matisse deságua em Volpi, Kandinsky em Tomie Ohtake, George Grosz em Iberê Camargo.
Além das estrelas consagradas, a exposição aproveita para apresentar ao público paulistano nomes brilhantes mas pouco conhecidos por aqui. Caso do gravurista austríaco Alfred Kubin, ídolo de Oswaldo Goeldi, ou da escultora mineira Maria Martins. Ela marca presença com a enorme e misteriosa peça “A Soma de Nossos Dias”.
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