Quem passa pela Avenida 23 de Maio, uma das mais movimentadas da metrópole, desde o centro até o Ibirapuera, depara com dezenas de paredões coloridos, cobertos não de tinta, mas de samambaias, agapantos azuis, vedélias e iresines.
Ao todo, são 10 000 metros quadrados de jardins suspensos, o equivalente a 2,4 quilômetros lineares. Por mês, a prefeitura gasta pouco mais de 142 000 reais para manter o parque vegetal, composto de mais de 654 000 mudas, reluzente e aparado.
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Mas nem sempre foi assim. Depois que o então prefeito João Doria inaugurou o corredor verde, em substituição aos grafites que existiam no pedaço, em 2017, a empresa que faria sua manutenção não conseguiu seguir com o acordo de cooperação (ela faria os trabalhos de forma gratuita) e os jardins ficaram abandonados.
De verde, o local voltou a ficar cinza, com mudas secas e mortas. À falta de cuidado se somaram sucessivos furtos de equipamentos e máquinas encarregados da manutenção, da irrigação à iluminação. Vejinha mostrou em 2018 o estado de abandono dos painéis.
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Para conter a ação dos ladrões, a prefeitura precisou instalar nove caixas de concreto, chamadas de estações de irrigação, cujas tampas pesam mais de 1 tonelada e só são levantadas com o auxílio de máquinas. Embaixo desse peso todo ficam as bombas e os cabos, alvos preferidos dos furtadores.
Em um outro espaço, próximo ao Viaduto Beneficência Portuguesa, a Secretaria de Subprefeituras, encarregada pela reforma e manutenção do jardim, construiu uma estrutura maior, também blindada, que abriga uma área de escritório e descanso para os funcionários.
Ali, ficam os painéis encarregados de programar a rega do jardim vertical, geralmente ocorrida à noite. De concreto reforçado do chão ao teto, além de uma porta de ferro grosso, o espaço sofreu tentativas de invasão durante a madrugada, mas os ladrões não conseguiram entrar. Até agora, os “bunkers” têm funcionado.
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Publicado em VEJA São Paulo de 12 de janeiro de 2022, edição nº 2771