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Selva urbana: a moda de cultivar mini florestas em apartamentos

Em busca de contato com a natureza e de uma decoração moderninha, paulistanos cobrem suas casas de verde

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 set 2019, 10h39 - Publicado em 27 set 2019, 06h00
Góis e Sartori: bosque particular na Vila Buarque (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Dentro do apartamento do casal Diogo de Góis, 33, e Raphael Sartori, 32, no bairro da Vila Buarque, São Paulo é verde. O designer pernambucano e o cabeleireiro paulista cuidam de uma pequena floresta. “Não sou muito ligado no nome das espécies, o que guardo é o jeito de cuidar”, diz Góis. Em um antigo filtro de barro, ele improvisou um vaso para um exuberante lírio-branco. O arranjo botânico fica na sala com mais três dezenas de irmãs vegetais. Duas delas, do tipo jiboia, jogam seus “cabelos” pela passagem no início do corredor.

Na outra extremidade do cômodo, uma renda portuguesa, nome de uma das primas das samambaias, sobrevive em cima de uma pequena estante. Se colocada perto do chão, ela sofre com as mordiscadas da cadela Tulipa, uma das mascotes que reinam por lá. “Ter muitas plantas é uma maneira de me conectar com a natureza. Não posso correr para um refúgio quando quero e não me interessa morar no interior”, explica Sartori, que garante não tratar a pequena selva de forma megalomaníaca. A compra de mais integrantes está restrita a três por mês. “Já possuímos muitas. Para regar todas, gastamos, no mínimo, uma hora.”

Brandolim e Marina
Brandolim e Marina: decoração verde no Instagram (Alexandre Battibugli/Veja SP)

A advogada Marina e o engenheiro Filipe Brandolim, ambos de 27 anos, são também adeptos desse estilo de vida. Sua primeira motivação foi a decoração de um antigo apartamento. “Não dispúnhamos de móveis nem de dinheiro para ocupar 70 metros quadrados, então investimos em plantas”, lembra Marina. Na atual morada, em Perdizes, o clima verde se mantém na cozinha, no banheiro e no quarto, mas o destaque fica por conta da sala.

Lá, o casal se diverte em um balanço, em meio a vinte espécies. Desde 2017 eles têm um perfil no Instagram (@maxcasabotanica) voltado à decoração para bolsos mais econômicos. Na rede social, fazem parte da tribo da hashtag urban jungle. O nome descolado em inglês se refere a uma tendência mundial, associada à geração millennial, mas que, cá entre nós, também remete às vovós de veia jardineira. Aos interessados em cultivar seu bosque particular, Marina explica que é essencial entender as condições de luminosidade e umidade de sua casa. “Não adianta comprar uma planta só porque é bonita. Independentemente do gosto do dono, elas têm necessidades que devem ser respeitadas”, afirma, taxativa.

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Sua sugestão é complementada pelo botânico e paisagista Ricardo Cardim, 41, que indica plantas nativas e frutíferas para ambientes internos — além das manjadas suculentas. As primeiras, como o araçá-amarelo, mais adaptadas ao clima brasileiro, crescem rápido e auxiliam na preservação da flora nacional. As segundas fazem um pouco mais que isso — contribuem para que seus cuidadores atentem a uma alimentação mais natural e saudável. “Não importa se a pessoa tem um, dois, três vasos, as plantas melhoram a qualidade de vida, colaboram para a diminuição da temperatura dos ambientes e filtram gases tóxicos e a poeira do ar”, detalha.

Camila Rocha _ Urban Jungle
Camila: plantas na sala, em pinturas e instalações (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Dona de uma jabuticabeira que fica na varanda de seu apartamento, no bairro da Vila Buarque, a artista paulistana Camila Rocha, 42, se divide entre as mais de trinta plantas de que cuida e os passarinhos que passam pela sacada em busca de água e uma bicadinha nas bananas que ela deixa por ali. No seu caso, o reino vegetal também adentrou o meio profissional. Em suas telas, a artista representa com liberdade flores e folhas variadas.

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Uma delas, em exibição na galeria Kogan Amaro, nos Jardins, até 19 de outubro, foi inspirada na samambaia de sua sala. Em instalações de sua autoria em cartaz no MuBE, o tom é outro: as espécies ganham corpo em tecido e lançam seus tentáculos. Em maio, Camila foi além em sua paixão e participou de uma expedição de quinze dias pela Amazônia. De barco, percorreu igarapés e pôde coletar alguns exemplares para desenhar. “Chorei, maravilhada pela riqueza do que via. Aqui ou lá, não consigo me imaginar longe da natureza”, afirma.

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 02 de outubro de 2019, edição nº 2654.

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