Perto das 3 da madrugada do dia 25 de julho, um grupo de aproximadamente quinze pessoas invadiu uma unidade do mercado Oxxo na Rua Apeninos, no bairro do Paraíso. Alguns segundos depois, elas saíram em disparada com os produtos roubados. A Polícia Militar afirma que recebeu um chamado, mas a turba já havia fugido quando chegou ao local.
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Não era um episódio isolado. Em junho, uma loja da rede — que veio para São Paulo com a promessa de funcionar 24 horas — na Praça da Sé foi alvo de depredação e saques. Há relatos de ataques noturnos a outros endereços da marca, como o da Rua Luís Góis, em Mirandópolis, onde atendentes confirmam um assalto no início do ano.
Como resultado, o projeto de operar durante a noite em toda a malha, um chamariz do Oxxo, ficou para trás. Ao menos vinte unidades da capital (como a da própria Luís Góis) agora baixam as portas entre 21 e 23 horas — o que provoca uma onda de queixas nas redes sociais.
O Oxxo (pronuncia-se “óc-sô”) surgiu em 1978, na cidade de Monterrey, no México. A rede pertence à Femsa, a maior engarrafadora da Coca-Cola do mundo, que teve lucro de 3 bilhões de dólares no ano passado, dos quais 1,2 bilhão vieram da varejista. Chegou ao Brasil em 2019, em sociedade com a Raízen, dona dos postos Shell, de quem comprou metade da rede de conveniências por 561 milhões de reais.
A joint venture, batizada de Grupo Nós, anunciava planos ambiciosos: 500 lojas em três anos. A primeira foi aberta em Campinas, em dezembro de 2020. Menos de dois anos depois, o grupo tem mais de 170 pontos no estado — o Carrefour Express, em operação desde 2014, possui 147 lojas paulistas.
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É uma estratégia conhecida como “abordagem de proximidade”. “Para custear a estrutura, é preciso ter um ‘mar’ de lojas. Senão, a conta não fecha”, explica Eduardo Yamashita, da consultoria Gouvêa Ecosystem. Para ele, mudanças como a redução no horário são naturais. “A empresa toma medidas por segurança e economia”, diz.
Na dita “cidade que tem tudo a qualquer hora”, serviços que viram a madrugada são cada vez mais raros. “Caiu, sim, o número de mercados 24 horas”, afirma Rodrigo Marinheiro, gerente de relações institucionais da Associação Paulista de Supermercados. “Você não quer bancar o herói, abrir à noite e se dar mal”, declara Rodrigo Alves, do tradicional Ponto Chic, no Largo do Paissandu, que fecha às 20 horas.
À Vejinha o Oxxo afirma “testar formatos e alternativas que permitam manter a qualidade”.
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Publicado em VEJA São Paulo de 2 de novembro de 2022, edição nº 2813