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“Vou ser o pastor da cidade”, diz Marco Feliciano

Em entrevista exclusiva a VEJA SÃO PAULO, o pré-candidato à prefeitura de São Paulo diz que Haddad é um "poste sem luz" e afirma ser "contra preconceitos"

Por Nataly Costa
Atualizado em 5 dez 2016, 12h07 - Publicado em 1 set 2015, 20h09
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  • Mais novo concorrente na disputa pela prefeitura de São Paulo em 2016 – a candidatura foi oficializada nesta segunda (31) -, o deputado federal Marco Feliciano estará naquela que talvez seja a corrida eleitoral mais inusitada dos últimos tempos. Devem estar no páreo um pastor (o próprio Feliciano), três apresentadores de TV (José Luiz Datena, Celso Russomanno e João Dória Júnior) e uma ex-prefeita (Marta Suplicy), recém-rompida com o partido do atual ocupante do cargo, Fernando Haddad, também candidato à reeleição pelo PT. 

    Evangélico e integrante da bancada religiosa da Câmara dos Deputados em Brasília, Feliciano foi presidente da Comissão de Direitos Humanos da casa e chegou a aprovar, em primeira votação, a proposta da “cura gay” – o projeto foi arquivado em 2013. Polêmico, também já afirmou em seu Twitter que  “a podridão do sentimento dos homoafetivos leva ao ódio” e que os descendentes de africanos são uma “maldição de Noé”. 

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    “Quando o partido me chamou para ser candidato, achei que fosse brincadeira”, afirmou ele, filiado ao Partido Social Cristão (PSC), em entrevista exclusiva concedida a VEJA SÃO PAULO. Confira:

    Por que resolveu entrar na corrida para o cargo de prefeito de São Paulo?

    Quando o partido me chamou para ser candidato, achei que fosse brincadeira. A oportunidade de ser prefeito de uma das dez maiores metrópoles do mundo é única. E todos sabem dos problemas de eficiência administrativa da cidade. O prefeito deixou muito a desejar. É um poste, mas um poste sem luz. Foi eleito pelo presidente Lula, mas não conseguiu se aproximar do povo. 

    O senhor nasceu em Orlândia (cidade de 39 000 habitantes no interior paulista) e passa a maior parte do tempo em Brasília. Conhece os problemas da capital? Já foi à periferia?

    Moro em Santa Cecília (região central), estou na capital pelo menos uma vez por semana. Uma vez peguei aquela Avenida Sapopemba (na Zona Leste), imensa, e fui até o final dela. Vi um submundo. Vi um mundo que não parece ser São Paulo, um lugar abandonado, rejeitado. Isso não pode acontecer, tem algo errado. Quero abraçar São Paulo como um pastor e cuidar das mazelas da periferia. Um prefeito tem que acordar às 4h da manhã e ir para o metrô ouvir a população.

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    O senhor acordaria às 4h da manhã para ouvir a população?

    Eu já fiz isso muitas vezes como pastor. Fui à Praça da Sé uma vez às 2h da manhã para levar comida, água e um pouquinho de acalento. Fui um menino muito pobre, já cortei cana, participei desse mundo que ninguém enxerga. 

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    O que o senhor acha de programas como o De Braços Abertos, cujo objetivo é dar trabalho e moradia para o usuário de crack que vive nas ruas do centro?

    A intenção é até boa, mas o inferno está cheio de gente bem intencionada. Não é assim que se resolve. O mesmo partido do prefeito quer descriminalizar as drogas e abrir uma ruptura sem tamanho, criar um monte de mini-traficantes. Existem outras medidas de reinserção na sociedade, como a internação em clínicas, mas 90% das entidades que recuperam drogados são vinculadas à igreja e o PT odeia a igreja, odeia tudo que faz parte da fé. Em nome de um estado laico, eles acabam desgraçando a vida das pessoas e depois querem colocar dinheiro do contribuinte na mão desses meninos, que vão comprar mais crack. Com isso, aceleram a morte dessas crianças. Deve ser essa a intenção, eliminar de vez os zumbis nas ruas de São Paulo. O cracudo e a cracolândia têm que ser tratados de perto, com o coração. 

    A prefeitura também criou o programa Transcidadania, projeto que dá uma bolsa de 840 reais e oferece trabalho e cursos de qualificação profissional a transexuais. O senhor concorda com o projeto?

    É complicado. Será que fazendo isso você não estimula pessoas a se transformarem para que vivam debaixo da mão do governo? Sou contra preconceitos, mas quantos pais de família estão desempregados e não recebem nada? O governo cria bolsa-travesti e dá auxílio-reclusão para o preso que mata, enquanto a família de quem morreu não tem nem ajuda psicológica. 

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    A Parada Gay de São Paulo é considerada uma das maiores do mundo. Como prefeito, o senhor manteria o evento? 

    A marcha perdeu sua vontade de mudança, transformou-se em um Carnaval fora de época. Todos os grupos podem buscar seus direitos, inclusive os minoritários, que sofrem preconceitos. Não sou contra, mas tem grupo que não quer direito, quer privilégio. Agora, não posso impedir um evento que é cultural e está na lei. Além disso, um pastor não olha ovelha com defeito, ovelha diferente, não faz distinção entre a cor da lã. Um pastor ama todas as ovelhas. 

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    Qual seria seu estilo de governar?

    Não vou governar para crentes, nem para católicos, nem para budistas, e sim para todos. Vou ser o pastor da cidade. Sei que não sou unanimidade entre os evangélicos, mas tenho o carinho deles, tanto é que tive quase 400 000 votos (foram 392 000) para deputado federal em São Paulo. Mas, resumindo, diria que se eu conseguisse acabar com metade do que o PT fez em São Paulo, acho que os paulistanos iriam erguer uma estátua minha na Praça da Sé.

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