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OLÁ,

Mara Gabrilli: porta-voz dos deficientes

Vereadora tetraplégica sacode a poeira da Camara Municipal com sua luta por melhores condições de vida e mudanças que, no fim das contas, beneficiam a todos

Por Thales Guaracy
Atualizado em 5 dez 2016, 19h26 - Publicado em 18 set 2009, 20h32

Tetraplégica, dependente de cadeira de rodas e de assistência permanente há treze anos, desde um acidente automobilístico, a vereadora Mara Gabrilli tem feito o serviço público andar. Primeira titular da Secretaria Especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, instituída em 2005 pelo governador José Serra quando prefeito, faz um trabalho que deixa resultados visíveis pela cidade, como a reformulação do velho calçamento de pedrinhas da Avenida Paulista. Ele aos poucos está sendo substituído por um piso liso, apropriado para a caminhada, com sinais sensíveis para cegos no chão, guias rebaixadas e alertas sonoros nos faróis. Na Câmara Municipal, conhecida por sua inércia, Gabrilli também tem feito a diferença. Quando assumiu, em fevereiro, como suplente de um dos quatro vereadores do PSDB eleitos deputados, a casa protocolava um projeto de lei ao mês em favor do deficiente. Hoje, em média, são vinte. “Só com a minha presença, os vereadores perceberam a importância desse trabalho e tiraram suas idéias da gaveta”, explica.

Desde a criação da secretaria sobre a qual ela ainda exerce influência, trabalhando para a aprovação dos projetos que lá deixou, subiu de 300 para cerca de 1?300 o número de ônibus com bancos largos para obesos e uma porta central mais baixa que permite o acesso a cadeirantes. O Projeto Arte Inclui levou mais de 8?000 deficientes ao cinema, ao teatro e a exposições. Foram criados Centros de Apoio ao Trabalho, agências de emprego para deficientes nos postos da prefeitura. Num trabalho integrado com a Secretaria de Obras, já foram inaugurados na cidade 250 quilômetros de calçadas adaptadas para deficientes. É pouco. Há 3 milhões de paulistanos que necessitam de cuidados especiais, entre deficientes físicos, idosos, obesos e gestantes. Apenas 250 quilômetros de calçadas em São Paulo são adaptados. Com a mesma tenacidade que passou a ter na própria vida, Gabrilli não desanima. Criou um plano de renovação da frota de ônibus e reforma das principais vias, que “já resolveria 90% dos problemas de circulação”. Essa reforma começa pela aplicação de multas aos moradores com calçadas irregulares (quase todas) e inclui a subvenção de uma parte do investimento a ser feito, dentro dos padrões estabelecidos pela prefeitura. “Eu acredito na conscientização da coletividade”, diz ela, uma mulher bonita de 40 anos que já foi psicóloga e publicitária. “A atenção maior com os deficientes resulta em um clima de maior civilidade e proporciona melhores condições de vida também ao restante da população.”

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