Um protesto de cerca de 2 mil manifestantes terminou em confusão após a invasão e depredação no Terminal Parque Dom Pedro II na sexta-feira (25), no centro. Organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL), o ato por tarifa zero no transporte público de São Paulo começou pacífico e terminou com policiais lançando bombas de gás lacrimogêneo, após parte dos manifestantes, entre os quais integrantes de um grupo de black blocs, depredarem e picharem o terminal e atearem fogo a um ônibus. Um coronel da PM foi agredido e hospitalizado.
Assustados, os usuários que estavam no terminal por volta das 20h30 deixaram o local correndo. A estação Sé do Metrô também foi fechada. Os manifestantes queimaram uma catraca gigante, símbolo do movimento por tarifa zero nos transportes. Em seguida, integrantes dos black blocs picharam alguns veículos e a incendiaram lixeiras, formando uma barricada, antes de atear fogo em um ônibus. Os policiais, cerca de 800, segundo a PM, usaram bombas para dispersar o ato. Setenta e oito pessoas foram detidas e encaminhadas para o 2º distrito policial, no Bom Retiro, e para o 78º DP, nos Jardins. A repórter de VEJA SAO PAULO.COM teve de deixar a cobertura após sentir-se mal com o cheiro do gás.
O coronel Reynaldo Simões Rossi, comandante da região central da capital, foi espancado por cerca de dez black blocs quando uma pessoa era detida perto do terminal. Sangrando, ele foi levado ao Hospital das Clínicas. Em nota, a Polícia Militar confirmou que o coronel teve a “clavícula quebrada e muitas escoriações na região da face e cabeça”. Ele recebeu alta na tarde de sábado (26). No total, 92 pessoas foram presas no ato.
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Apenas na Rua Boa Vista, quatro bancos foram depredados: Safra, Itaú, HSBC e Santander. Após a confusão, parte dos manifestantes voltou à Praça da Sé, local de concentração. Os policiais novamente atiraram bombas de efeito moral para dispersar as pessoas.
“O Passe Livre é um movimento que conta com a simpatia da população e que consegue atrair muita gente. Vamos concentrar esforços para proteger as pessoas e o patrimônio público. A violência, o dano e a destruição não interessam para ninguém”, afirmou o coronel da PM Wagner Rodrigues.
Ainda de acordo com o comandante, os policiais que seguiam o protesto não tinham balas de borracha. “Queremos evitar esse tipo de conflito.”
A integrante do MPL Nina Capello disse que o ato segue a luta pela tarifa zero. “A nossa intenção é que o protesto seja pacífico. Não vamos fazer papel de polícia e não gostamos da separação que se faz entre manifestantes legítimos ou não.”
Pelo Twitter, na manhã de sábado (26), a presidente Dilma Rousseff classificou de “barbáries antidemocráticas” as ações dos black blocs que agrediram “covardemente” o coronel da PM Reynaldo Simões Rossi. A presidente condenou os atos de vandalismo durante as manifestações e se colocou à disposição do governo de São Paulo. “Agredir e depredar não fazem parte da liberdade de manifestação. Pelo contrário.”