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Lojas do Brás prosperam na esteira do movimento do Templo de Salomão

Estabelecimentos que estão faturando alto no entorno da nova sede da Universal

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 5 dez 2016, 13h52 - Publicado em 1 nov 2014, 01h00
Loja religiosa no Brás- Templo de Salomão
Loja religiosa no Brás- Templo de Salomão ( Lucas Lima/)
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A comerciante Valéria Cristina de Jesus, de 40 anos, entrou para o mercado da fé em 2005, com uma empresa especializada na encadernação de Bíblias em Atibaia, a 67 quilômetros de São Paulo. Cinco anos depois, quando soube da construção do Templo de Salomão, no Brás, começou a planejar a expansão de seus negócios para a capital. Ao lado de um sócio, Ricardo Causo, passou a vasculhar o entorno da nova sede da Universal em busca de um bom ponto.

Em julho deste ano, dias antes da primeira cerimônia da igreja, eles abriram as portas da Galeria do Templo, quase em frente à entrada lateral do santuário reservada aos fiéis que chegam em caravanas. Depois de três meses, inauguraram outra loja nas imediações. Cada uma delas oferece cerca de 500 produtos religiosos. Um dos artigos que fazem mais sucesso é a menorá (entre 2,90 e 400 reais a unidade,dependendo do material e do tamanho), candelabro de sete braços comum em sinagogas e presente também nas paredes do prédio erguido pelo bispo Edir Macedo. Valéria e Ricardo investiram 500 000 reais nos dois endereços. O bom movimento de fiéis tem rendido uma receita média de 80 000 reais por mês. “Desde o início, prevíamos que seria um negócio rentável”, comemora a empresária, que é evangélica, mas frequenta a Igreja Batista e não teve tempo de conhecer ainda a suntuosa instalação vizinha.

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Valéria não é a única que está faturando no bairro com a chegada do empreendimento da Universal. Ele foi erguido com uma verba de 685 milhões de reais e possui 100 000 metros quadrados de área construída.Isso representa quatro vezes o tamanho do Santuário Nacional de Aparecida, que era o maior prédio religioso do Brasil. Além das duas unidades da Galeria doTemplo, três restaurantes surgiram no pedaço. Os sócios e irmãos Donizeti e Dirceu Souza viram seu faturamento pular de 30 000 reais por mês para 200 000 ao adequar seu negócio ao público evangélico. Em 2011, eles compraram um boteco e o batizaram de Didony’s. Em janeiro, fecharam o bar no estilo pé-sujo especializado em caipirinhas, reformaram o local e, em julho, abriram o Skina do Templo, um restaurante que também vende lembrancinhas, como uma réplica da igreja de madeira de 60 centímetros de comprimento por 30 centímetros de altura (40 reais). Os televisores do local ficam o tempo todo sintonizados no canal da Universal ,transmitindo cultos. “Foi uma transformação milagrosa”,conta Marcos Freitas, administrador do negócio e também frequentador do templo de Macedo. Adepto da mesma fé há onze anos, Isaac Cardoso dos Santos abriu, em 2013, ali por perto a churrascaria Nova Telha. Em julho, tirou do menu cerveja e destilados, a fimde se adaptar ao gosto dos irmãos. “Hoje faturo aproximadamente200 000 por mês e, com a graça de Deus,cumpro com minha obrigação de dar o dízimo, para seguir com essa prosperidade”, acredita.

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Antes mesmo da chegada do empreendimento de Edir Macedo, o bairro já era um grande reduto da fé, com a presença de dezesseis espaços religiosos, incluindo seis igrejas evangélicas, cinco católicas e uma mesquita. Algumas pessoas da região investem há tempos no mercado de devotos. Esse comércio mais antigo do Brás também ganhou um novo impulso com a inauguração do Templo de Salomão. A gráfica Novaliança, que funciona na Rua Julio César da Silva desde 2007, vende artigos por atacado, como envelopes para o pagamento do dízimo. Um de seus maiores clientes já era a Universal e, depois da inauguração da sede, o movimento cresceu 60%. “Estamos recebendo pedidos agora até do exterior”, afirma a proprietária Elaine Cavalcante. Um incremento semelhante na receita ocorreu na loja Instinto BR, especializada em moda evangélica e inaugurada em 2010 na Rua João Boemer. Ali, oferecem-se ternos para obreiros, como são conhecidos os funcionários encarregados de auxiliaros pastores. As peças, sempre em azul-petróleo, custam a partir de 199 reais. “Vendemos hoje uma média de uma por dia, quase o dobro do que ocorria antigamente”, contabiliza a proprietária Kátia Marques. Ela calcula comercializar no ponto cerca de 20 000 reais por mês em mercadorias.

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Kátia começou o negócio para suprir uma necessidadede seu filho, Renato. Obreiro da Universal, o rapaz não encontrava na cidade roupas adequadas à função a preços acessíveis. Ele ajudou a mãe a criar a marca, que atualmente possui três lojas em São Paulo e cinco em outras capitais brasileiras. Embora alguns advogados e corretores de imóveis frequentem a filial do Brás, o grosso mesmo do público é formado por seguidores da Universal. Os produtos da Instinto BR ajudam a ter uma ideia das particularidades do look evangélico. Obreiros são os mais discretos e normalmente compram camisa clara lisa e calça azul-marinho. Já os pastores se permitem ousar mais, incrementando o visual com abotoaduras de ouro e sapatos envernizados. Alguns arriscam ternos xadrez e quadriculados, com preços que oscilam entre 299 e 599 reais. Um dos últimos lançamentos, um cinto de couro com o logo da Universal (65 reais), virou hit entre os devotos e está ajudando a engordar os lucros do milagre comercial do Brás.

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