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Lissah Martins e Kiara Sasso: brilho em nossos musicais

Protagonistas de A Bela e a Fera e A Noviça Rebelde têm estilo e formação diferentes

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 19h31 - Publicado em 18 set 2009, 20h27
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  • Quem olha para as atrizes e cantoras Lissah Martins, de 25 anos, e Kiara Sasso, de 30, vê poucas semelhanças entre as duas. A primeira é descendente de japoneses, tem cabelos extremamente negros, nasceu em Sertanópolis, no interior do Paraná, e chegou a São Paulo em 2002. Louríssima, a carioca Kiara foi criada nos Estados Unidos e vive na ponte aérea entre a capital paulista, o Rio de Janeiro e Los Angeles. Com estilo e formação diferentes, as duas são protagonistas dos dois principais musicais inspirados em sucessos da Broadway em cartaz na cidade. Na pele da intrépida freirinha Maria Rainer, de A Noviça Rebelde, Kiara já foi aplaudida por 18 000 espectadores em cinco semanas – fora os 190 000 da temporada carioca –, e outros 15 000 bilhetes estão na rua para as próximas apresentações no Teatro Alfa. Lissah ainda sente a tensão da proximidade da estreia. A partir de quinta (30), ela volta ao palco do Teatro Abril em A Bela e a Fera. Depois de um ano e meio como a sofredora Kim, personagem principal de Miss Saigon, Lissah enfrenta o desafio de se firmar no mundo dos musicais e se descolar de vez da imagem de cantora do finado grupo pop Rouge.

    As conexões entre elas vão além da temporada atual. Ao vir a São Paulo para participar do reality show Popstars, do SBT, Lissah assistiu à primeira versão brasileira de A Bela e a Fera. “Sonhei um dia fazer aquilo”, diz ela, agitada, no intervalo dos ensaios, que lhe consomem doze horas diárias. Naquela montagem, vista por 500 000 pessoas em dezoito meses, era a própria Kiara Sasso em sua primeira superprodução quem interpretava a jovem cobiçada pela terrível Fera. “Nunca havia participado de uma engrenagem tão grande, com cenários subindo e descendo, maquinários e equipes enormes”, conta Kiara, que soube dos testes para o espetáculo no fim de 2001, pouco depois de concluir a faculdade de teatro musical em Los Angeles. Aos 11 anos, ela viu O Fantasma da Ópera – cuja versão nacional de 2005 teria seu nome no elenco – e vislumbrou o futuro. Começou a batalha na mesma hora, matriculando-se em aulas de canto, lendo e vendo tudo sobre o gênero. De férias no Brasil, aos 14 anos, entrou para o elenco do espetáculo Banana Split e conheceu em seguida os diretores de A Noviça Rebelde, Charles Möeller e Claudio Botelho, nos bastidores de Os Fantásticos.

    Lissah faturou o papel de Miss Saigon sem jamais ter estudado canto, dança ou interpretação. Escondeu durante as audições a experiência como cantora do Rouge e descobriu a disciplina na marra. A rotina de ensaios era exaustiva, baladas estavam praticamente proibidas e beber gelado, nem pensar. “É bom sempre carregar um cachecol na bolsa”, aconselha Kiara, com a experiência de quem tem quinze musicais no currículo. “Também é fundamental dormir muito, se possível mais de dez horas por dia. Quando dormimos, descansamos as cordas vocais.” Ao encerrar Miss Saigon, em dezembro, Lissah percebeu que era hora de estudar. Passou a fazer balé clássico e imaginava gravar um CD para ressuscitar a veia pop. “A música traz uma interação maior que o teatro e sinto falta desse público”, justifica. Enfrentou 150 candidatas para o papel de Bela e seus desafios passaram a ser outros. A própria Kiara adverte a colega de que o musical foi seu trabalho mais desgastante. “Ficava em cena o tempo inteiro em sete sessões semanais, corria, gritava, subia e descia escadas”, lembra. “Tive tendinite no tornozelo, problemas no joelho, faringite e laringite.” Lissah sabe o que a espera. “Eu tenho medo é de cair em cena com aquele vestido tão pesado”, diz ela, referindo-se a um dos figurinos, estruturado em arame, que pesa 20 quilos.

    Não é somente esse vestido que tira o sono de Lissah. O de noiva também. No dia 20 de maio, ela casa-se com o cantor e ator Matheus Herriez, ex-integrante do grupo Br’oz. Discretíssima, Kiara também encontrou o amor nas coxias dos musicais. Trata-se do ator e cantor Raul Veiga, em cena na cidade em Beatles num Céu de Diamantes. Ela prefere, porém, falar de outra investida: o cinema. Acaba de filmar Dores e Amores, em que vive o par central com o ator Márcio Kieling. A empreitada compensou, mas o cansaço de dividir-se entre o palco e o set foi extremo. “Não acreditava que fosse possível dormir em pé”, afirma. “Mas havia horas em que dormia.”

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