Em fevereiro de 2008, a cantora e atriz Letícia Novaes vinha de ônibus do Rio de Janeiro para São Paulo com o guitarrista Lucas Vasconcellos. A moça tomou uma garrafa de vinho, uma dose de coragem e pediu o rapaz em namoro em plena Via Dutra. Cinco meses antes, os dois haviam sido apresentados por uma amiga comum, astróloga e também cantora. Letícia já estava de olho em Lucas, que fazia shows com o grupo Binário na Praia de Ipanema. Ele, por sua vez, fuçava sobre a vida dela na internet. Ao se conhecerem, trataram logo de compor um samba juntos. Em pouco tempo, tinham 27 canções e resolveram montar uma banda. Nascia o Letuce (primeiro Lettuce, referência ao fotolog da intérprete).
Sensação da cena alternativa carioca, a dupla comparece pela terceira vez à cidade, agora na Choperia do Sesc Pompeia, ao lado de Thomas Harres (bateria) e Rodrigo Jardim (baixo). Na bagagem, trazem o disco de estreia, ‘Plano de Fuga pra Cima dos Outros e de Mim’, com doze faixas. Entre as dez autorais, figuram as baladas ‘Tuna Fish’ e ‘Êxodo Lunar’. “Pode ter alguma influência de rock, mas o que fazemos é MPB, não há como fugir do rótulo”, diz Letícia. ‘Acontecimentos’, de Marina Lima e Antonio Cicero, e ‘Sérieuse Affaire’, versão para o francês de ‘Caso Sério’, de Rita Lee e Roberto de Carvalho, compõem o repertório de covers do álbum. Outra faceta curiosa da apresentação ao vivo são as releituras de pagode, como ‘Que Se Chama Amor’, do Só pra Contrariar. Letícia atribui o interesse ao fato de ter sido criada na Zona Norte, mais afastada da praia, onde alguns costumam torcer o nariz para os ritmos muito populares. Ela ainda mora com a mãe por lá, no bairro da Tijuca, a três quadras de Lucas, nascido em Petrópolis.