Um dos ícones da segunda geração da pop art, posterior à de nomes como Andy Warhol, o americano Keith Haring (1958-1990) ganha uma retrospectiva na Caixa Cultural do Conjunto Nacional. ‘Selected Works’ reúne 94 trabalhos inéditos no Brasil, entre serigrafias, litografias e xilogravuras, além de vídeos, fotografias e documentos pessoais. Conhecido pelas cores fortes e pelos personagens bem-humorados, hiperativos, sem feições e às vezes barrigudos ou nus, Haring é bastante cultuado pela atual geração de grafiteiros, skatistas e quadrinistas — algumas das gravuras são organizadas em sequências de histórias. Bem montada e disposta em séries, a mostra tem quatro obras exibidas na vitrine que dá para a Avenida Paulista, em uma apropriada “conversa” com a rua.
Keith Haring lançou-se para a fama a partir de 1980, desenhando em painéis vazios de publicidade no metrô de Nova York. Foi preso várias vezes, mas logo liberado — as intervenções, a giz, eram facilmente removidas. Em 1983, veio a São Paulo participar da 17ª Bienal e chegou a pintar um muro na Avenida Sumaré, que depois acabou apagado. Sua produção vibrante, colorida e festiva ainda mantém a capacidade de dialogar com o presente. Dois exemplos: ao retratar o ser humano engolido por um grande computador em ‘Pop Shop Quad’ e ao mostrar um disco voador abduzindo homens nus em uma serigrafia de 1983, como se eles estivessem numa rave.
AVALIAÇÃO ✪✪✪