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OLÁ,

Karl Lagerfeld em alta

Desejo por peças únicas renova a procura por Chanel, o ateliê mais emblemático da alta-costura

Por Simone Esmanhotto
Atualizado em 5 dez 2016, 17h36 - Publicado em 22 nov 2011, 14h28

Daqui a poucas semanas, Karl Lagerfeld vai assumir seu assento de couro matelassado (à moda da bolsa 2.55) e esboçar a próxima coleção de alta-costura da Chanel, a ser desfilada em 24 de janeiro, em Paris. Como é de praxe, devem sair de sua caneta preta ultraprecisa entre cinquenta e setenta looks. O número depende mais do humor do que da objetividade alemã do último dos grandes costureiros em plena atividade. (Ele integra a geração de Yves Saint Laurent, morto em 2008, e de Valentino Garavani, que aproveita a vida esquiando em Gstaad, nos Alpes suíços. Giorgio Armani é contemporâneo, mas fez o caminho contrário: depois de três décadas de prêt-à-porter, entrou, aos 70 anos, para a semana de alta-costura de Paris, em 2005.)

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Enquanto o diretor artístico da grife trabalha no verão 2012, os três ateliês de costura do número 31 da Rue Cambon — aberto por Coco em 1918, oito anos depois de ela ocupar o número 21 na mesma rua —, em um dos pontos mais elegantes da capital francesa, operam a plenas agulhas e linhas. Nos flous (fluidos, em tradução livre), cinquenta pessoas tratam de materializar os vestidos de chiffon, musselina, tule e crepe vistos nestas páginas. Eles pertencem à coleção atual, o inverno 2011, em que Karl escolheu lembrar como Coco, de sua suíte-casa no 3º andar do vizinho Hotel Ritz, na Praça Vendôme, dominou os closets com as suas criações feitas a mão. Ali, o desenho mais sofisticado, geralmente o de noiva, levará até 800 horas para se tornar real. No terceiro ateliê, tailleur (alfaiataria), talha-se a novidade da temporada: blazers de ombros arredondados e mangas três-quartos.

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A primeira parte dessas encomendas foi feita no 1º andar da Cambon no dia seguinte ao desfile de 5 de julho e entregue no fim de agosto. Outra parte exigiu que as costureiras, com suas maletas de alfinetes, fitas métricas e agulhas, acompanhadas por uma equipe de vendedoras, deixassem Paris rumo a Nova York, Los Angeles e Xangai para tirar as medidas de clientes que não puderam estar na sede da maison. Em breve a marca deve incluir no itinerário Hong Kong, Pequim e Tóquio, mas qualquer cliente fora desse circuito pode solicitar o time de haute couture em casa. Nos salões, sabe- se que a equipe é a de maior milhagem da Chanel, já que ela viaja para onde convém ao cliente.

A direção enxerga a nova vida de globetrotter como a garantia de futuro para a alta-costura, um métier que até pouco tempo atrás era tido como irrelevante e tratado como mero recurso publicitário para estimular a venda de frascos de perfumes de grife. Com o novo dinheiro circulando em praças bem distantes da Vendôme e o desejo por peças únicas feitas de materiais nobres e com técnicas impecáveis no centro de um movimento chamado de “hiperluxo”, demonstra-se que Coco estava certa ao acreditar que a arte de fazer bem uma roupa jamais morreria. “Quantidade e qualidade são essencialmente diferentes”, explicava ela ao ser provocada sobre o fim da supremacia da alta-costura — e, portanto, da sua. “Enquanto isso estiver claro, Paris está salva.”

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