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OLÁ,

Rapaz é agredido por funcionário em casa noturna LGBT

Um dos sócios do Yacht Club diz que funcionário era tercerizado e que entrará com processo contra a empresa

Por Redação Veja São Paulo
Atualizado em 5 dez 2016, 15h49 - Publicado em 11 jul 2013, 14h24

A noite de festa de Murilo Aguiar, de 25 anos, terminou na delegacia. Ele conta que foi agredido por um auxiliar de limpeza no sábado (6), dentro de uma casa noturna no centro, conhecida por ser predominantemente frequentada pelo público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros).

Em seu relato, Murilo conta que estava na fila do banheiro quando uma funcionária gritou para a amiga dele entrar logo. Nese momento, ele pediu calma. “Ela respondeu ‘calma não, eu estou trabalhando’ e eu retruquei que também trabalhava e entrei em outra cabine”. Ainda de acordo com o jornalista, logo após ele ouviu um auxiliar da limpeza dizer para a funcionária que “é por isso que todo gay tem HIV. Gay tem que ser mais humilde, tem que ler mais a biblía”.

Cerca de uma hora depois, o rapaz estava com os amigos na área reservada aos fumantes quando viu o mesmo auxiliar recolhendo os copos. “Comentei sobre o que tinha ouvido e ele voltou com o mesmo discurso. Eu respondi e ele se afastou”, afirma. Novamente, em conversa com os amigos, Murilo disse que deveria ser difícil ter preconceito com gays e trabalhar em uma casa GLS. Foi então que a agressão começou.

“Ele se aproximou e gritava que não sabia que era uma festa gay e que se soubesse não teria vindo.” O auxiliar ainda o ameaçou. “Ele disse que só não me daria um tiro porque estava dentro da casa, mas poderia me pegar na rua”, completa. “Eu achei aquilo um absurdo e respondi: você está louco, gata?”. Após isso, Murilo relata que foi derrubado e agredido.

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No momento, não havia nenhum segurança e os próprios frequentadores separaram a briga. “Eu fui para a entrada e chamei a polícia. O gerente chegou para conversar comigo, mas eu fiquei indignado. Como uma casa GLS trabalha com funcionários homofóbicos?”, declara. “Infelizmente, ainda temos essa situação de intolerância e é necessário um treinamento diferenciado.”

O rapaz teve dois dentes quebrados, algumas luxações no rosto e dores na costela e ombro por causa da queda. Ele regitrou boletim de ocorrência no 78º DP, nos Jardins, contra o funcionário. Murilo ainda não sabe se vai entrar com processo contra a casa também. “Na esfera administrativa, se a casa for condenada, os proprietários pagariam uma multa ao estado, que seria revertida a alguma instituição contra a homofobia”.

Fim do contrato

Um dos sócios do Yacht Club, o empresário Facundo Guerra diz também se sentir lesionado e está revoltado. “É comum contratarmos empregados tercerizados quando sabemos que a festa será cheia, assim não perdemos a qualidade”, afirma. “O problema é que eles não recebem o mesmo treinamento que os meus funcionários receberam durante anos.”

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De acordo com ele, grande parte do quadro de empregados da casa é gay. Além disso, eles estão trabalhando juntos desde a primeira casa do empresário, o Club Vegas. “Além disso, dois dos meus sócios são homossexuais. Nós não admitiríamos nenhuma pessoa do staff que fosse contra ou pudesse fazer algo parecido. É mexer no nosso íntimo.”

Ele ainda diz que o auxiliar tentou fugir, mas foi impedido pelo gerente e seguranças da casa, que o seguraram até a polícia chegar. “O gerente aguardou junto do Murilo para que os depoimentos fossem tomados.”

O contrato com a tercerizada já foi rompido e Facundo pretende entrar com processo contra a empresa. “Uma situação dessa é inadmissível. A partir de agora, não usaremos mais serviços assim. E eu quero ver esse cara na cadeia.”

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