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Como Johan Cruyff transformou a vida de garotos da Zona Leste

Craque holandês morreu aos 68 anos nesta quinta-feira (24) vítima de câncer de pulmão

Por Adriana Farias
Atualizado em 1 jun 2017, 16h16 - Publicado em 24 mar 2016, 16h07
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  • O holandês Johan Cruyff, de 68 anos, morreu nesta quinta-feira (24) vítima de um câncer no pulmão contra o qual lutava desde outubro de 2015. Um dos maiores ídolos do esporte, o meia-atacante foi o principal jogador da seleção da Holanda na Copa do Mundo de 1974, quando recebeu o apelido de “gênio da camisa 14”.

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    Foi por meio do futebol que Cruyff descobriu uma maneira de transformar a vida de milhares de crianças e adolescentes que moram em áreas de vulnerabilidade social pelo mundo. Em 1997, ele criou a Fundação Cruyff Court para desenvolver projetos sociais e, treze anos depois, fundou uma escolinha de futebol na Zona Leste de São Paulo.

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    Em cinco anos, a Cruyff Court Ermelino Matarazzo já beneficiou 1500 crianças e adolescentes carentes da comunidade. Atualmente, o projeto atende gratuitamente 300 alunos com atividades de segunda a sexta baseadas em aulas de futebol que incorporam lemas delimitados por Cruyff como respeito, cooperação, trabalho em equipe, participação social e responsabilidade.

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    “A fundação do Cruyff mantém mais de 200 escolinhas pelo mundo todo e a nossa foi a primeira da América Latina justamente porque o jogador via a força do futebol no Brasil como uma forma de mudar o destino dessas crianças”, conta a holandesa Joelke Offringa, presidente do Instituto Plataforma Brasil.

    Ela administra a escolinha do jogador, que vinha anualmente conferir os trabalhos realizados no local. “Tudo começou quando o Cruyff estava nos Estados Unidos e um dos seus vizinhos era uma criança com síndrome de Down que não brincava com as outras. Foi só ele colocar os pés na bola e ensinar uns dribles de futebol que a criança foi se enturmando com as coleguinhas e isso proporcionou uma mudança tão grande para o Cruyff que o fez apostar nesse projeto”, relata.

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    Em 2012, a escolinha de Ermelino Matarazzo recebeu das mãos dele na Holanda o prêmio de melhor Cruyff Court do ano. “Entre outros aspectos ganhamos porque fomos a instituição que conseguiu proporcionar o maior número de atividades para essas crianças”, conta.

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    Nos anos de 2014 e 2015, a instituição promoveu um intercâmbio e levou 23 crianças e adolescentes para participarem de uma copa dos Cruyff Courts e também trocaram experiências com alunos de diversas nacionalidades, como Inglaterra, Israel, Espanha entre outras, além de conhecerem pessoalmente o próprio jogador.

    “Foi uma experiência fantástica. O Cruyff abraçava e vibrava com aquelas crianças. Para ele, cada uma representava uma vitória, uma chance de um futuro diferente, longe da criminalidade e das drogas que assolam as comunidades carentes em São Paulo”, relembra.

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    Entre os alunos que se beneficiaram dessa oportunidade estavam um de 11 e outro de 12 anos. Eles foram acolhidos após uma escola pública “não saber mais o que fazer com eles”. Com a experiência transformadora, hoje eles ganharam perspectivas e sonham em ter uma profissão, como a de educação física e medicina. “O trabalho feito com eles e a experiência internacional também mudaram o comportamento dos garotos. Tornaram-se menos agressivos, têm foco e raciocinam melhor.”

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    Joelke contou que daria a notícia da morte do astro futebolístico ainda nesta tarde. “Algumas viam nele a figuram do pai que nunca tiveram”, conta. Na semana passada, ela esteve na Holanda e soube na segunda (21) que o estado de saúde de Cruyff havia piorado. “Recebi a notícia por meio dos membros da fundação, mas não imaginávamos que ele viria a falecer. Foi uma grande luta, um choque para todos, mas ele deixa um legado imenso.”

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