Importadoras de vinho funcionam como bares para conquistar clientes
Grande vantagem é que na maioria desses novos espaços paga-se o mesmo preço cobrado do consumidor pelas importadoras
Tempos atrás, comprar um vinho de qualidade não era tarefa exatamente fácil. Havia um reduzido número de lojas especializadas na cidade. Esse panorama mudou completamente, em especial nos últimos três anos. Hoje, inclusive as redes de supermercado exibem garrafas atraentes em suas prateleiras. Para se diferenciarem da concorrência, importadoras e butiques passaram a funcionar também como bares de vinhos (chamados de wine bar ou bar à vin). Algumas delas dividem espaço até com agradáveis bistrozinhos. Surgiu, assim, uma espécie de loja de estar, na qual o cliente pode ficar horas bebericando tintos, brancos, rosés e espumantes. Há opções em taça ou em garrafa. E o melhor: na maioria dessas lojas paga-se o mesmo preço cobrado do consumidor pelas importadoras – em geral, os restaurantes acrescentam em cada garrafa uma margem de lucro que varia de 30% a 100%. “Além de ser uma maneira simpática de apresentar a bebida, aumenta a chance de as pessoas conhecerem novidades”, diz Mario Telles Jr., diretor executivo da Associação Brasileira de Sommeliers de São Paulo (ABS-SP).
Vinea Store
Em funcionamento há pouco mais de um ano e meio, o misto de loja e importadora inaugurou seu wine bar em agosto. O espaço para 48 pessoas, no Paraíso, não poderia ser mais charmoso. Entre duas antigas residências, o pátio interno é decorado com lareira, cascata e uma jabuticabeira. Nessa área ao ar livre, protegida por coberturas de vidro, podem ser apreciados 120 rótulos trazidos pela própria Vinea de países como Argentina, Chile, França, Itália e Portugal, além de uma seleção de cinqüenta etiquetas brasileiras. O Matisses Cabernet Sauvignon 2005, produzido pela chilena Casa Marín, é uma das opções. Caso seja consumido em taça, custa 10 reais e, em garrafa, 39 reais. De companhia, há pedidas como queijo grana padano (13 reais a porção). Todas as quintas a partir das 20 horas, o sommelier-gerente Fabio Ga-vazzi pilota o fogão e faz uma massa ou um risoto, servido de cortesia para quem comprar um vinho na loja e apreciá-lo no bonito cenário. De vez em quando, um sushiman é convidado para tomar conta da cozinha. Só fique atento às condições climáticas. Em dias de chuva forte, o serviço pode ser suspenso.
• Rua Manuel da Nóbrega, 1014, Paraíso, tel: 3059-5200. Loja, 10h/22h (sáb. até 18h; fecha dom.). Wine bar, 12h/22h (sáb. até 18h; fecha dom.). Cc.: todos. Cd.: M, R e V. Estac. Vendas também por telefone. https://www.vineastore.com.br.
Vino!
Este conjugado de loja multimarcas e cantina é filhote de uma rede de três casas surgidas há cinco anos em Curitiba. O sucesso na capital paranaense incentivou o empresário Raphael Zanette a trazer sua marca para São Paulo, em julho passado. Para abrir a versão paulistana da Vino! no Itaim, ele tomou cuidados como se associar aos chefs Rodrigo Martins e Jefferson Rueda, do Pomodori, na mesma rua. Uma grandiosa adega cercada de paredes de vidro divide o salão. De um lado fica o restaurante e do outro a loja, com estantes de madeira que exibem parte dos 860 rótulos de treze importadoras. É também nessa área que foi colocada uma mesa coletiva para quinze pessoas que funciona como wine bar. A qualquer hora do dia, vale empunhar um prato e percorrer o bufê de antepastos por peso, no qual se alinham abobrinha grelhada, caponata e queijos taleggio, brie, gorgonzola e parmesão, mais uma variedade de embutidos (80 reais o quilo). Logo em seguida, chegam focaccia e crostini feitos na casa. Esses acepipes podem ganhar a companhia de um branco, três tintos e um prosecco, cujas marcas va-riam diariamente. Só não muda o preço da taça: 9 reais, 15 reais e 25 reais, respectivamente. Das garrafas em oferta, peça que desarrolhem o branco Punto Niño Chardonnay 2005 (de 42 reais por 36 reais) ou o tinto Tabalí Reserva Pinot Noir 2006 (de 69 reais por 59 reais), ambos chilenos.
• Rua Professor Tamandaré Toledo, 51, Itaim Bibi, tel: 3078-6442. Loja e wine bar, 11h/0h (dom. até 18h). Entrega em domicílio. Vendas também por telefone. Cantina, 12h/16h e 19h/1h (sáb. sem intervalo até 1h; dom. sem intervalo até 18h; ter. só jantar). Cc.: A, D e M. Cd.: M e R. Estac. c/manobr. (R$ 10,00). https://www.lojavino.com.br.
Le Tire-Bouchon
Antes de ingressar profissionalmente no mundo do vinho, o empresário francês Jean Raquin foi engenheiro aeronáutico e fabricava helicópteros na cidade mineira de Itajubá. Dois anos atrás, passeando pelo bairro de Santa Cecília, ele deparou com um galpão abandonado, que lembrava um hangar. Encheu o lugar de vinhos e transformou-o no Tire-Bouchon, ou saca-rolha em francês, combinado de loja de vinhos e de pequena importadora, especializada em quatro regiões da França: Borgonha, Vale do Rhône, Provença e Córsega. No salão principal de 350 metros quadrados, funciona também o wine bar. O subsolo é ocupado por um aconchegante bistrozinho com único menu completo (49 reais) por noite, organizado pelo chef Felipe Ferragut. Rosés produzidos na Córsega, uma raridade em São Paulo, como o Domaine Casanova 2006 (39,60 reais), conquistaram a advogada e freqüentadora do Tire-Bouchon Juliana Oliveira Do-mingues. “Sou fã de carteirinha”, diz.
• Rua Barão de Tatuí, 285, Santa Cecília, tel: 3822-0515, Metrô Santa Cecília. Loja, 10h/0h (seg., sáb. e dom. até 20h). Wine bar e restaurante, 17h/0h (ter. a sex.; sáb. a partir das 14h). Cc.: todos. Cd.: M, R e V. Estac. Entrega em domicílio. Vendas também por telefone. https://www.letirebouchon.com.br.
Kylix
Um casarão de 1910 restaurado serve de sede para essa loja de Higienópolis que acaba de completar um ano. Mantidos em sala climatizada, há 700 rótulos de 22 importadoras. O preço de uma etiqueta argentina chama atenção. É o do Ruca Malén Cabernet Sauvignon 2003, que baixou de 64 reais para 34 reais. Empenhado em propor descontos, o proprietário, Simon Knittel, sugere ainda o sul-africano Robertson Winery Pinotage 2006 (de 30,30 reais por 27 reais), o espanhol Codice 2005 (de 42 reais por 35 reais), ambos tintos, e o português branco Cartuxa 2005 (de 59,20 reais por 49 reais). Essas garrafas podem ser desfrutadas em mesas colocadas junto à entrada ou em um pequeno salão, com centenários janelões de pinho-de-riga. Desde o mês passado, essa área reservada para o wine bar funciona também como restaurante para almoço. O menu foi montado por Mauro Marcelo Alves, chef que foi editor de restaurantes do Guia Quatro Rodas. Ele prepara sugestões que mudam semanalmente, entre elas um saboroso mignonnette (filé picado na faca) ao molho de tinto reduzido guarnecido de batata gratinada com queijo gruyère (27 reais). “Sempre penso em criar pratos que possam ser harmonizados com vinhos”, explica Mauro Marcelo.
• Avenida Angélica, 681, Higienópolis, tel: 3825-4422. 10h/21h (sáb. até 18h; fecha dom.). Estac. no nº 689 (grátis por duas horas). Wine bar, 17h/21h (ter. a sex.) e 12h/18h (sáb.). Restaurante, 12h/15h (seg. a sex.). Cc.: todos. Cd.: M, R e V. Estac. no nº 689 (R$ 7,00).
Casa do Porto
O nome da loja homenageia Vitória (ES), uma das principais cidades portuárias brasileiras, onde está a sede da importadora, e não o famoso vinho fortificado português. Aberta há três anos nos Jardins, a casa tem catálogo de importação própria focado em 500 rótulos do Chile e da França. Dessa lista, têm preços atraentes o chardonnay Baron Philippe de Rothschild (39 reais) e o merlot Carpe Diem (35 reais), ambos chilenos e da safra 2006. Além de um wine bar no qual se podem saborear tábuas de queijos e frios (70 reais), há um restaurante com 32 lugares tocado pela chef capixaba Thaina Schwan. Ex-pupila de Alex Atala, ela sugere pratos como o robalo grelhado ao molho de limão, azeite e ervas guarnecido de abobrinha, tomate, azeitona preta e alcaparra (49 reais). “Mesclo pratos provençais e italianos no cardápio”, diz.
• Alameda Franca, 1225, Jardim Paulista, tel: 3061-3003. 10h/0h (sáb. até 20h; fecha dom.). Bistrô, 19h/23h (sáb. 12h/17h; fecha dom.). Cc.: todos. Cd.: M, R e V. Estac. c/manobr. Vendas também por telefone. Entrega em domicílio. https://www.casadoporto.com.
Expand
Desde fevereiro, o wine bar de um franqueado da importadora Expand ocupa um dos corredores do Iguatemi. São apenas catorze lugares, muito disputados a partir da happy hour. Uma moçada bonita aparece para tomar taças do Bourgogne Chardonnay 2005 (17 reais), produzido pela casa francesa Albert Bichot. Em garrafa, sai por 68 reais. Nas tardes de calor intenso, se a vontade for se refrescar com um espumante, peça uma baby Chandon Brut (187 mililitros; 10 reais). Para quem prefere tintos, o australiano Lindemans Bin 45 2006 Cabernet Sauvignon custa 58,37 reais. Na cozinha, são preparadas apenas sugestões frias, caso do carpaccio de salmão (25 reais) e da salada de camarão (folhas variadas, manga assada em azeite e quatro camarões grandes temperados com pimenta-do-reino e azeite; 39 reais).
• Shopping Iguatemi, tel: 3037- 7001. 10h/22h (dom. 14h/20h). Wine bar, 12h/22h (dom. 14h/20h). Cc.: todos. Cd.: M, R e V. Estac. (R$ 5,00 por duas horas).