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OLÁ,

O que diz a última pesquisa Ibope para o Governo de São Paulo

Divisão deve provocar segundo turno no estado após dezesseis anos

Por Carolina Giovanelli
7 out 2018, 10h14
 (Reprodução/Veja SP)
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“João, você vai renunciar com um ano de mandato?” Foi com essa pergunta que Geraldo Alckmin tentou convencer o então prefeito de São Paulo, João Doria, a desistir da ideia de disputar o governo paulista. A conversa ocorreu no fim de 2017, após o ex-governador sustar os planos presidenciais do afilhado político e começar a trabalhar para construir um palanque único no Estado em torno de Márcio França (PSB), seu vice à época, e fortalecer a sua candidatura à Presidência. “Vou ser candidato a governador”, teria dito Doria.

Tônica da eleição ao Palácio dos Bandeirantes, a renúncia precoce de Doria à Prefeitura, com 15 meses de gestão, rachou o PSDB paulista e sua ampla base de apoio. França se lançou à reeleição alegando que era o único cargo que poderia disputar no exercício do mandato e carregou consigo outros 14 partidos. Doria, por sua vez, arrastou mais cinco siglas e adotou como antídoto à rejeição o discurso de que como governador poderia fazer mais pela cidade e que só um tucano poderia defender o “legado” do PSDB, retórica semelhante à que foi usada por José Serra quando fez o mesmo caminho, em 2006. 

Além de desagradar Alckmin, a divisão consumou um fato que não ocorria havia 16 anos na eleição estadual: o segundo turno. Depois de 2002, quando Alckmin precisou de dois turnos para derrotar o petista José Genoino, foram três vitórias tucanas consecutivas em primeiro turno, com Serra (2006) e o próprio Alckmin (2010 e 2014). Agora, segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada ontem, Doria tem 32% dos votos válidos, pior desempenho de um tucano desde 1998, e deve enfrentar Paulo Skaf (MDB), com 30%, no turno final. Após crescer nas últimas sondagens, França estacionou nos 18%.

Não foi à toa que a equipe de Doria elegeu França como seu principal alvo. Os ataques começaram ainda na pré-campanha, sempre tentando colar no atual governador o selo de “esquerdista enrustido” e vinculá-lo ao PT, que sofre forte rejeição no Estado. O intuito era impedir que o chefe da máquina estadual, então com 5% nas pesquisas, crescesse – e ainda tentar uma vitória tucana no primeiro turno, como aconteceu em 2016 na Prefeitura. De cara, a candidatura de França custou a engrenar, mas o amplo tempo de TV obtido pelo pessebista na propaganda eleitoral permitiu torná-lo mais conhecido e contra-atacar Doria acusando o tucano de “abandonar a Prefeitura” e “trair os paulistanos”. 

Recall

Mas o ex-prefeito não era o único candidato competitivo a encarnar o sentimento antipetista. Após duas candidaturas frustradas ao governo (2010 e 2014), o presidente licenciado da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, ganhou mais projeção política em 2015 ao patrocinar uma campanha contra o aumento de impostos cujo ícone, um pato inflável gigante, virou símbolo do movimento que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.

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Apesar do amplo conhecimento do eleitorado paulista, fruto também do recall das duas eleições, Skaf esbarrou na rejeição do presidente Michel Temer, correligionário que tentou esconder durante toda a campanha. Sem formar coligação com outro partido, o empresário tentou usar o isolamento político a seu favor, vendendo a ideia de que “não tem rabo preso com ninguém” e, por isso, fará um governo melhor.

Com uma campanha mais tímida que a dos rivais, com eventos mais reservados, Skaf focou seu discurso nas realizações à frente do Sesi e do Senai na área da Educação e no endurecimento das leis penais, como “o fim das saidinhas temporárias de presos”, concedidas a detentos do regime semiaberto.

Segurança

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Apesar de ter sido vendida como um case nacional pela campanha presidencial de Alckmin, a segurança pública em São Paulo foi o tema mais explorado pelos candidatos, incluindo os dois aliados do ex-governador. França e Skaf escolherem duas policiais militares como vices. Já Doria prometeu levar batalhões da Rota, tropa de elite da PM paulista, para todas as regiões do Estado e abusou do discurso malufista de “polícia na rua e bandido na cadeia”.

Alvo preferencial dos adversários, que exploraram o descumprimento da promessa de ficar quatro anos na Prefeitura da capital, Doria só conseguiu reduzir sua rejeição após endurecer o tom no combate à criminalidade – chegou a dizer que no seu governo a polícia vai atirar para matar – e aproximando seu discurso ao do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas em São Paulo.

Estagnado nas pesquisas, com 8%, o candidato do PT, Luiz Marinho apostou todas as fichas na sua relação com o ex-presidente Lula mas pode ter o pior desempenho petista desde 1994, quando José Dirceu ficou em quarto, com 9%.

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Alesp

Racha na eleição ao governo estadual, fraco desempenho na corrida presidencial também em São Paulo, crise ética desencadeada pela Lava Jato, ausência de “puxadores de votos”. Políticos e analistas consideram que a conjuntura que circunda o PSDB paulista deve afetar o desempenho tucano nas urnas e pode fazer com que o partido eleja hoje a menor bancada na Assembleia Legislativa (Alesp) desde que a sigla assumiu o comando do Estado, há 24 anos.

Em 1994, quando Mário Covas venceu a eleição pela primeira vez, o PSDB conseguiu 17 das 94 cadeiras do Legislativo paulista, a segunda maior bancada – o então PMDB elegeu 23. Com exceção de 2002, quando foram 18 deputados tucanos eleitos em uma eleição marcada pela chegada do PT ao poder no País, o partido conseguiu eleger mais de 20 parlamentares em todas os pleitos. 

Na eleição anterior, foram 22 vagas conquistadas, número que caiu para 19 após a disputa municipal de 2016 e a saída de quadros históricos do partido. “Uma série de escândalos atingiu os tucanos, como o caso da merenda e dos desvios no metrô. Aécio Neves, que era um símbolo, caiu em desgraça. Além disso, abraçaram o governo (Michel) Temer permanecendo nele até o limite”, diz o cientista político e professor do Insper Carlos Melo.

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A ausência de “puxadores” de voto também preocupa alguns tucanos. Dos dez tucanos mais votados para a Alesp em 2014, sete não tentarão a reeleição pelo partido, um grupo que teve, juntos 1,5 milhão de votos naquele pleito, o equivalente a 30% dos 5,1 milhões de votos obtidos por todos os candidatos tucanos e pela legenda. 

“Será uma eleição difícil. Acredito que pode diminuir, mas não radicalmente. A conjuntura já foi mais favorável, mas apesar dessa onda Bolsonaro ter atrapalhado o Alckmin, o 45 continua forte nas eleições proporcionais”, avalia o tucano Fernando Capez, deputado estadual mais votado do Estado em 2014, mas que tentará, desta vez, uma vaga na Câmara dos Deputados. 

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