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Hotel DPNY, em Ilhabela, é acusado de maltratar clientes

Com decoração hippie chique, o hotel coleciona boletins de ocorrência de hóspedes

Por Maria Paola de Salvo
Atualizado em 5 dez 2016, 19h30 - Publicado em 18 set 2009, 20h28

Uma comemoração no DPNY Beach, hotel de frente para a Praia do Curral, uma das mais badaladas de Ilhabela, virou caso de polícia no início deste mês. No dia 9, a fonoaudióloga paulistana Fernanda Vancine hospedou-se ali para festejar o noivado de um amigo. Às 18 horas, ela, o namorado e mais quatro casais brindavam com champanhe numa das mesas espalhadas na areia quando teriam sido interrompidos pelo dono do hotel, o empresário alemão e DJ Wolfgang Ingo Napirei. “Ele pediu grosseiramente que falássemos mais baixo e disse que não iria mais servir bebida”, afirma Fernanda. “Depois disso, cerca de quinze seguranças se aproximaram, empurrando-nos brutalmente e dizendo que deveríamos ir embora de lá.” Começou, então, um bate-boca que acabou em tapas, socos e empurrões. Duas mulheres e um rapaz saíram feridos da confusão, segundo relatos do boletim de ocorrência registrado na delegacia de polícia local. “Eles nos trataram como marginais e ninguém estava infringindo nenhuma lei”, diz Fernanda, que recebeu no check-out o dinheiro das diárias, que variam de 366 reais a 3.799 reais, com café-da-manhã. O grupo pretende processar Napirei.

Este não é o primeiro caso de reclamação de hóspedes e visitantes do DPNY. “Existem aqui pelo menos outros onze boletins de ocorrência relatando algum tipo de agressão e lesão corporal por parte dos seguranças do hotel”, afirma o delegado de polícia de Ilhabela, José Luiz Tibiriçá. Há ainda dois registros em delegacias de São Paulo. Todos seguem o mesmo roteiro: agressão verbal, seguida de truculência por parte da equipe de segurança e expulsão dos hóspedes. Em março de 2006, o comerciante Adriano D’Angelo comemorava um aniversário com mais seis pessoas na praia quando teriam lhe pedido para que falasse mais baixo. Logo depois, ele afirma ter sido surpreendido por dois seguranças que lhe apresentaram a conta do bar e o convidaram a se retirar. “Fiquei indignado e reclamei com os gerentes”, conta D’Angelo. “Enquanto passava o cartão, quatro homens me agarraram por trás e um deles me deu um soco no nariz diante da minha filha.” Em julho daquele ano foi aberto um inquérito policial para apurar os crimes de lesão corporal, injúria e formação de quadrilha. Quatro meses depois, o Ministério Público Estadual, por meio da Promotoria de Justiça de Ilhabela, pediu o indiciamento de Napirei e de seus seguranças pela última acusação. Seus advogados entraram com pedido de habeas corpus contra o indiciamento, que foi negado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo ainda em 2006. O processo continua tramitando.

O empresário nega as acusações. “Nunca agredimos ninguém e nem existem seguranças no hotel, apenas monitores e colaboradores”, afirma Napirei, que atribui os acontecimentos ao comportamento inadequado dos hóspedes envolvidos, que estariam alcoolizados. “Eles bebem, fazem muito barulho, têm atitudes inapropriadas e nós queremos manter a paz e a civilização no hotel.” Inaugurado no fim de 2005, o DPNY foi batizado com as iniciais das cidades onde Napirei tem negócios (Düsseldorf, Palma de Mallorca e Nova York). O hotel costuma ser citado em guias de turismo e em publicações internacionais, como o inglês The Guardian. Tem decoração hippie chique, com espreguiçadeiras na areia e música eletrônica em alto volume no bar, o que atrai o público jovem. Os 76 apartamentos possuem TV de plasma e iPod com set list elaborado pelos DJs da pousada. “Nestes três anos, atendemos 250.000 pessoas e 99,9% estão satisfeitas com nossos serviços”, diz o hoteleiro.

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