Os pesquisadores do Atlas da Violência 2017, relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública destinam um capítulo do estudo para analisar a qualidade do dado do Ministério da Saúde, que abre a possibilidade de registrar uma morte como de “causa indeterminada”.
Para os especialistas, a categoria pode mascarar o verdadeiro número de assassinatos em alguns Estados. São Paulo, por exemplo, tem a maior proporção de mortes por causa indeterminada ante o número total de homicídios: enquanto o dado oficial aponta que aconteceram 5 427 assassinatos, em outros 2 212 (o equivalente a 40,8%) não houve uma designação específica por falta de informação. Análises anteriores do Ipea chegaram a estimar que cerca de 70% das mortes sem informação poderiam, na verdade, ser homicídios. Para os pesquisadores, o dado “implica dizer que, provavelmente, os registros oficiais de homicídios estejam subestimados”.
“Nos países desenvolvidos, geralmente as mortes violentas indeterminadas representam um resíduo inferior a 1% do total de mortes por causas externas. Isso ocorre pois se reconhece a importância de se descobrir as causas para evitar novas mortes”, escreveram os pesquisadores do Ipea. A Secretaria da Segurança de São Paulo que as comparações “não são corretas”, mas diz trabalhar por meio de um projeto para reduzir as diferenças entre o seu banco de dados e o banco da área da Saúde.