Musical ‘Gypsy’, em cartaz no Teatro Alfa, tem show de interpretação
Adriana Garambone e Totia Meirelles são o trunfo maior da montagem dirigida por Charles Möeller e Claudio Botelho
Prato farto para a dramaturgia, os embates femininos, quando tratados de forma inspirada, não deixam o espectador indiferente. Escrito por Arthur Laurents e lançado na Broadway em 1959, o musical ‘Gypsy’, em cartaz no Teatro Alfa, ganha montagem dirigida por Charles Möeller e Claudio Botelho enfocando a delicada relação entre mãe e filha. Produção esmerada, boas versões para as letras de Stephen Sondheim, 38 atores, dezessete músicos, dezoito trocas de cenário e 140 figurinos são auxílios luxuosos para completar a bem-sucedida empreitada. O trunfo maior, porém, dispensaria a grandiosidade. Apoia-se no texto e no talento de duas atrizes em momentos iluminados: Adriana Garambone e, principalmente, Totia Meireles.
Adriana surpreende nas fases distintas da stripper Gypsy Rose Lee, que já nasceu com a obrigação de ser artista para, ao lado da irmã (Renata Ricci), pagar as contas e amenizar as frustrações da mãe, Rose (papel de Totia). Dos bastidores dos shows infantis ao decadente teatro de variedades, a matriarca manipula todos, inclusive o empresário apaixonado (Eduardo Galvão). As coreografias originais de Jerome Robbins, repletas de sapateado, são reproduzidas com entusiasmo e técnica pelo afiado elenco. No palco o tempo inteiro, Totia esbanja fôlego e atinge o ápice no número-solo do fim do segundo ato, levando a crer que, se não fosse ela, ‘Gypsy’ não seria o mesmo.
AVALIAÇÃO ✪✪✪✪