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Grupo AlphaVille Urbanismo tem obra embargada

A obra de condomínio na Granja Viana foi embargada depois de ação de moradores da região

Por João Batista Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 19h07 - Publicado em 26 out 2009, 17h22

A rapidez com que foram vendidos os 333 lotes residenciais e comerciais que devem compor o condomínio de 675 000 metros quadrados do grupo AlphaVille Urbanismo, na Granja Viana, pode não ser proporcional ao andamento das obras. Bastaram 48 horas para que todos os terrenos, cuja metragem varia de 500 a 1 300 metros quadrados, encontrassem compradores. As transações atingiram cerca de 60 milhões de reais. Mas há um problema. Em julho, com autorização da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, a empresa deu início ao corte da vegetação de Mata Atlântica. Pelo que ficou estabelecido, poderiam ser desmatados até 50% da área. A companhia afirma que 270 000 metros quadrados, ou seja, 40% do loteamento, foram limpos. Moradores da região contestam os números e levaram o caso para a Justiça. “Era impossível não se comover com os caminhões de troncos retirados daqui”, diz o ambientalista Carlos Bocuhy, vizinho do empreendimento e presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam). “Eles cortaram mais do que podiam, por isso decidimos intervir.”

O processo movido pelos moradores questiona, entre outras coisas, o desmatamento do habitat de alguns animais silvestres, entre eles o jacuguaçu, o sagui-de-tufo-preto e a maracanã-pequena. No último dia 15, o Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu liminar que impede o andamento das obras. Nada pode ser feito ali: instalação de redes de esgoto e elétrica, canteiros e passeios. O parecer permite apenas a drenagem e a terraplenagem da área para que a terra não escoe em via pública, como tem acontecido em dias de chuva. A AlphaVille Urbanismo, sociedade dos grupos Gafisa e Alphapar, já entrou com recurso para derrubar a liminar. Ela afirma ter cortado apenas a vegetação rasteira e em estágios inicial e médio. “Não retiramos mais árvores do que o permitido por lei”, diz João Audi, presidente da empresa. ” Os moradores de lá estão irritados, mas desde os anos 70 podam árvores nativas para construir suas casas.” Segundo ele, trata-se de um empreendimento sustentável. “Vamos criar parque público na área preservada, plantar 160 000 metros quadrados de vegetação no entorno, dar outras 10 000 à prefeitura de Cotia e finalizar duas creches abandonadas de Carapicuíba, município onde se localiza o terreno”, promete. O prefeito da cidade, Sergio Ribeiro Silva, confirma que as duas creches vão oferecer 461 vagas a partir de janeiro de 2010. ” É um orgulho ter esse condomínio de grife em uma cidade com 140 favelas.”

Criado em setembro, o Movimento em Defesa da Granja Viana, que se mobilizou contra o empreendimento, conta com 500 integrantes. ” Fazemos reuniões semanais para discutir o caso”, afirma Ricardo Soares, produtor de TV. Já houve passeata e foi lançado um blog. “Os saguis que viviam por lá agora invadem as casas dos vizinhos”, diz Soares. Marcelo Willer, diretor de negócios da AlphaVille, rebate: ” Além de não estarem em extinção, os animais não são naturais da região”. Segundo ele, a presença maciça dos bichos deve-se ao comportamento de alguns moradores. ” De tanto darem comida, os macacos dali até são gordos.”

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