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Geraldo Alckmin afirma: “Quero ser prefeito”

Dos candidados à prefeitura de São Paulo, Alckmin é o que apresenta menor índice de rejeição

Por Alessandro Duarte e Alvaro Leme
Atualizado em 6 dez 2016, 09h05 - Publicado em 18 set 2009, 20h29

No último sábado, o vice-governador Alberto Goldman cometeu duas gafes espantosas no evento que oficializou a candidatura do prefeito Gilberto Kassab (DEM) à reeleição. Primeiro, chamou-o de Geraldo Alckmin. Depois, de Geraldo Kassab. A cena é um retrato do cenário eleitoral paulistano, com dois candidatos ligados ao governo do estado. Kassab foi eleito como vice na coligação PSDB-DEM e treze de seus 22 secretários são tucanos. Alckmin vai para a convenção do PSDB neste domingo (22) contrariando vários caciques de seu partido, a começar pelo governador José Serra, que gostariam de vê-lo fora da disputa. “Eu tentei manter a aliança”, disse, na última segunda-feira, durante a terceira de uma série de entrevistas que Veja São Paulo faz com os principais candidatos à prefeitura. “Foram meses e meses de almoços, jantares e cafés. Não deu.” Para manter-se no páreo, Alckmin aferrou-se a seu bom desempenho nas pesquisas. Segundo levantamento do Ibope divulgado no dia 3, o ex-governador tem 28% das intenções de voto – contra 30% de Marta e 13% de Kassab. Em um eventual segundo turno contra Marta, no entanto, Alckmin leva vantagem (ele teria 50% das intenções de voto e ela, 40%). Contra Kassab, a diferença seria ainda maior (56% a 25%). Entre os três, ele é o que tem a menor taxa de rejeição (14%, enquanto Marta aparece com 31% e Kassab, com 27%).

Não é a primeira vez que Alckmin, 55 anos, impõe sua candidatura. Em 2006, a expectativa era que o PSDB lançasse o então prefeito, José Serra, para disputar a Presidência da República. Após três meses de disputa interna, Alckmin conseguiu ser o escolhido. Foi para o segundo turno, mas perdeu para o presidente Lula. Decidiu então passar cinco meses estudando na Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Ao voltar, anunciou: “Quero ser prefeito”.

A vida pública de Alckmin começou cedo. Em 1972, aos 19 anos, foi eleito vereador de Pindamonhangaba, a 140 quilômetros da capital. Quatro anos depois, conquistou a prefeitura da cidade pelo antigo MDB. Foi deputado estadual e federal. Em 1988, tornou-se um dos fundadores do PSDB. Caiu nas graças de Mario Covas e acabou sendo escolhido como seu vice na disputa pelo governo de São Paulo, em 1994. Com a morte de Covas, em 2001, assumiu o governo. No ano seguinte, reelegeu-se. Seu estilo discreto e o ar monástico fizeram com que o colunista José Simão, da Folha de S.Paulo, o apelidasse de picolé de chuchu. Alckmin faz que não liga. “Leio os textos dele todo dia e me divirto”, afirma. Durante sua gestão à frente do governo paulista, a taxa de crescimento do produto interno bruto (PIB) do estado chegou a superar em quase 3 pontos a média nacional. Os homicídios caíram pela metade, mas os roubos e furtos estacionaram. Além de ser o responsável pela privatização de diversas empresas estatais, ele inaugurou o primeiro trecho do Rodoanel e a segunda pista da Rodovia dos Imigrantes. Fez a parceria público-privada para a construção da Linha 4 do metrô, que vai unir a Estação da Luz à Vila Sônia, na Zona Sul. “Adquiri boa experiência. Pretendo fazer uma acupuntura urbana”, diz, em alusão ao método terapêutico oriental que, ao estimular pontos específicos do corpo, levaria benefícios a todo o organismo.

Formado em medicina pela Universidade de Taubaté, com especialização em anestesiologia, Alckmin está casado há 29 anos com Maria Lúcia, a dona Lu. Tem três filhos, Sophia, Geraldinho e Thomaz, e uma neta, Isabella, que completará 4 anos em julho. O ex-governador perdeu a mãe aos 10 anos e foi criado pelo pai, Geraldo José Rodrigues Alckmin, um católico fervoroso que o matriculou em colégio de freiras. Até hoje freqüenta missa todos os domingos e é devoto de São Francisco de Assis. Dificilmente sai de casa sem antes ler o pensamento do dia tirado de uma folhinha do Sagrado Coração de Jesus. Quando ainda morava no Palácio dos Bandeirantes, costumava ter aulas de “formação cristã” com o jornalista Carlos Alberto Di Franco, numerário do Opus Dei. Alckmin nega que faça parte dessa organização ultraconservadora da Igreja Católica.

Na campanha para a Presidência, cansou-se de explicar uma declaração do estilista Rogério Figueiredo, que disse ter presenteado a primeira-dama com 400 peças de alta-costura. “Acho que não deveria ter ocorrido. Mas qual prejuízo houve?” Dona Lu afirmou que recebeu menos de quarenta peças e disse que todas foram depois doadas a instituições de caridade. Após a temporada no exterior, Alckmin passou a dar aulas e palestras. Calcula que atualmente seus rendimentos girem em torno de 17 000 reais por mês. Não costuma freqüentar restaurantes caros e almoça em estabelecimentos que vendem comida por quilo, próximos de seu escritório, na Avenida Nove de Julho. Mora há quinze anos no mesmo apartamento de 105 metros quadrados no bairro do Jardim Guedala, na região do Morumbi. “Quando levo um livro para casa, preciso tirar outro”, brinca. Alckmin tem 1,74 metro e 74 quilos, mas lembra que já foi bem mais magro. “Jovem, pesava 56 quilos.” Ao contrário de muitos políticos, ele diz que não costuma ganhar ou perder peso durante as campanhas. “Isso é comum por causa do stress. Eu tento manter a serenidade.” Além de recorrer às agulhadas do acupunturista Jou Eel Jia, tem o hábito de se distrair com palavras cruzadas ou sudoku (quebra-cabeça numérico). “São ótimos para limpar a mente”, garante.

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