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OLÁ,

Gabriel Villela dá novo fôlego a “Macbeth”

Montagem com elenco exclusivamente masculino traz encenação que se sobrepõe ao texto de William Shakespeare

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 17h06 - Publicado em 16 jun 2012, 00h51

Em 2010, o diretor Aderbal Freire-Filho reuniu Daniel Dantas e Renata Sorrah em uma montagem conservadora de Macbeth, peça escrita pelo inglês William Shakespeare (1564-1616). Se daquela vez a criatividade passou longe da concepção da tragédia, a versão levada ao palco por Gabriel Villela sai na frente ao menos por causa da reinvenção. Mais uma vez, Villela coloca a encenação acima de tudo, inclusive do texto e do time de atores liderado por Marcello Antony. Ele transformou as três horas e tanto em noventa minutos, tornando o programa mais palatável. O resultado alcançado é eficiente, principalmente por causa das soluções que fogem do realismo sem descaracterizar a essência.

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Regra do teatro da época aqui reverenciada, o elenco de oito integrantes constitui-se exclusivamente de homens. A escalação desafia o diretor e renova a curiosidade a respeito da trama. Ao voltar de uma campanha, os generais escoceses Macbeth (Antony) e Banquo (Marco Antonio Pâmio) cruzam com três bruxas — apresentadas como tricoteiras futuristas — e ouvem uma profecia: o primeiro será rei e o segundo, pai de muitos reis. Instigado pela ambiciosa mulher (Claudio Fontana), Macbeth elimina quem ameaça seu domínio. Na era da ininterrupta comunicação, Villela aborda como uma fofoca pode virar uma intriga e destruir vidas em nome do poder.

Antony constrói um Macbeth apático e contorna seus limites de intérprete. No papel de Lady Macbeth, Fontana cria uma falsa gueixa com entradas pontuais e, sem imprimir voz feminina, torna a personagem marcante justamente por destoar dos demais. Em meio ao grupo, completado por Helio Cicero, Carlos Morelli, José Rosa, Marco Furlan e Rogério Brito, sobressai Marco Antonio Pâmio. A morte de Banquo, espetado por pedaços de antenas de TV que simulam espadas, evidencia a sensibilidade e a técnica do ator. Nesse ponto, as escolhas de Villela se justificam.

AVALIAÇÃO ✪✪✪

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