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Furtos de malas em Cumbica envolvem funcionários e passageiros

Somente neste ano, onze pessoas foram presas pela Polícia Civil no aeroporto; criminosos atuam até mesmo em áreas restritas

Por Adriana Farias
Atualizado em 17 Maio 2024, 16h33 - Publicado em 17 jun 2015, 11h59
Cumbica - aeroporto de guarulhos
Cumbica - aeroporto de guarulhos (Mario Rodrigues/)
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Ao viajar, você sempre fica atento ao risco de assalto ao deixar o aeroporto? Cuidado. O perigo pode estar dentro do saguão – e até no interior da aeronave.

No ano passado, a polícia prendeu 44 pessoas envolvidas com furtos a passageiros em Cumbica, o maior aeroporto do país, com circulação diária de 108 000 passageiros, 24 900 voos por mês e 33 000 funcionários. Desde o começo deste ano, onze pessoas acabaram detidas por isso. Cinco delas foram encontrados praticando o crime em área restrita, como o setor onde as bagagens são descarregadas quando o avião pousa. Três eram funcionários de companhias aéreas e dois, passageiros.

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“Geralmente, as ocorrências no saguão do aeroporto são praticadas por estrangeiros de países andinos. Já os que ocorrem em área restrita sempre são protagonizados por funcionários, terceirizados e, no caso deste ano, outros passageiros”, afirma o delegado Marcelo Caio Ferrari. Dos 160 inquéritos em andamento na delegacia, metade trata-se de furtos. Nos quatro primeiros meses deste ano, o número de casos caiu de 460 para 327, na comparação com o mesmo período de 2014. Apesar disso, muitos viajantes não registram boletim de ocorrência quando o problema acontece em área restrita, informando apenas a companhia aérea.

As quadrilhas preferem agir em aeronaves provenientes dos Estados Unidos, principalmente de Miami, tradicional centro de compras de brasileiros que gastam em média 300 dólares por dia na cidade. Segundo levantamento do site Reclame Aqui feito a pedido de VEJA SÃO PAULO, foram registradas no portal 226 queixas em relação a furtos e extravios de bagagens no destino Miami-Guarulhos entre janeiro e início de junho, ante 239 no mesmo período do ano passado. As companhias com mais reclamações são TAM, American Airlines e Gol, que fizeram juntas 286 voos no período e rota levantados.

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Após catorze dias passeando na cidade norte-americana com os amigos, a designer de moda Tainá Fernandes Cordeiro, de 31 anos, levou um susto ao desembarcar em Guarulhos no dia 14 de maio. “Após esperar por uma hora para a minha bagagem aparecer na esteira, ela veio com o cadeado estourado, toda revirada e faltando vários itens.” Segundo ela, os criminosos levaram nécessaire, bateria extra de celular, mochila, roupas, óculos de sol e perfumes de marcas como Lancôme, Marc Jacobs, Tommy Hilfiger, Calvein Klein e Michael Kors. O prejuízo estimado foi de 3 200 reais.

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“Depois de quinze dias de muita discussão, a TAM respondeu dizendo que me ressarciria, mas com apenas 630 reais, um valor irrisório.” Com nota fiscal de todos os objetos, Tainá entrou na Justiça contra a companhia aérea.

Cumbica
Cumbica ()
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Em fevereiro, a analista financeira Carla Ferreira, de 35 anos, passou quatro horas no atendimento da TAM tentando um posicionamento da empresa, após, segundo ela, subtraírem dois perfumes da marca Ralph Lauren de sua mala, que também teve o cadeado arrancado. “Foi um transtorno”, lembra. “A companhia disse que só poderia arcar com o prejuízo se a diferença de peso na mala fosse de 1 quilo de quando foi despachada, o que achei um absurdo.” Carla entrou na Justiça e a primeira audiência do caso ocorrerá no dia 7 de agosto.

 “O sentimento é de total descaso”, diz o empresário Marco Bordon, de 39 anos. Em janeiro, ele foi outra vítima do crime da mala. Brinquedos comprados na Disney no aniversário de um ano de sua filha foram levados de três das suas quatro bagagens. “Até semana passada eu esperei por uma resposta da Gol. Na certeza de que não ia resolver em nada, fiquei indignado e joguei fora os comprovantes que tinha.”

Resposta

TAM, American Airlines e Gol afirmam que, em caso de violação, danos, extravio ou qualquer anormalidade com a bagagem, o passageiro deve procurar os funcionários das companhias antes de deixar a área de desembarque. A queixa deverá ser registrada por meio do relatório de irregularidade de bagagem (RIB). Em relação aos casos relatados, as companhias afirmam que trabalham para solucioná-los.

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As empresas declaram ainda que seguem as legislações vigentes estabelecidas pela Agência Nacional de Aviação. A Anac, por sua vez, diz que a norma que trata sobre o assunto esta em revisão. A minuta faz parte da reformulação das Condições Gerais de Transporte que entrará em audiência pública em breve.

O Aeroporto Internacional de Guarulhos explica que o monitoramento das áreas de restituição de bagagem e dos pátios é feito por meio de câmeras. Atividades suspeitas são encaminhadas à Polícia Civil.

A Anac recomenda que o passageiro evite transportar bens de valor, como joias ou eletroeletrônicos. Em caso de necessidade, é possível declarar os valores transportados ainda no check-in, solicitando o formulário à empresa aérea, que se responsabilizará pelos objetos mediante cobrança de uma taxa.

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Caso a empresa aérea deixe de cumprir com suas obrigações, o passageiro deve entrar em contato com a Anac para registrar uma queixa pela internet (www.anac.gov.br/faleanac) ou pelo telefone 0800 725 4445. Isso não impede que o passageiro busque eventuais indenizações por danos morais ou materiais nos órgãos de defesa do consumidor ou na Justiça.

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