Trabalhadores da fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) decidiram entrar em greve por tempo indeterminado na manhã desta terça-feira (6), após a montadora demitir 800 funcionários. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a greve foi aprovada em assembleia, que contou com cerca de 7 000 trabalhadores, quase a totalidade dos funcionários do turno da manhã.
O sindicato confirma que estava em negociação com a empresa desde julho, mas que rejeitou a proposta feita pela montadora e optou por manter o acordo trabalhista de 2012 que tem validade até 2016. Após a aprovação da greve, nesta manhã, ainda não foi realizada nenhuma reunião com a diretoria da Volkswagen.
Entre as mudanças propostas pela empresa no acordo trabalhista estariam a abertura de um programa de demissão voluntária (PDV) para cerca de 2100 trabalhadores considerados excedentes e suspensão de reajustes salariais neste ano e em 2016, substituídos por abonos.
A fábrica Anchieta, como é conhecida a mais antiga unidade da Volkswagen no Brasil, emprega cerca de 13 000 trabalhadores. Segundo a companhia informou em nota, as demissões ocorrerão após um período de licença remunerada de trinta dias. A empresa alega que, em razão do cenário complexo do setor automotivo, diversas medidas de flexibilização da produção foram aplicadas desde 2013, como por exemplo férias coletivas, suspensão temporária dos contratos de trabalho (lay-off), entre outras. No entanto, todos os esforços foram insuficientes.
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“Com foco na melhoria de competitividade da fábrica frente ao cenário atual de mercado e as projeções para 2015, a Volkswagen buscou ainda uma alternativa junto ao sindicato, realizando um longo processo de negociação para a composição de uma proposta que permitisse a adequação necessária da estrutura de custos e efetivo da unidade”, diz a companhia em nota, acrescentando que, lamentavelmente, a proposta foi rejeitada em assembleia realizada em 2 de dezembro. “Mas continua urgente a necessidade de adequação de efetivo e otimização de custos para melhorar as condições de competitividade da Anchieta, motivo pelo qual a empresa inicia a sua primeira etapa de adequação de efetivo.”
A montadora afirma que o cenário de retração da indústria automobilística no país nos últimos dois anos e o aumento da concorrência ao longo dos últimos anos impactaram os resultados da Volkswagen do Brasil e, em especial, da Unidade Anchieta.
Mercedes
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC também informou que 244 funcionários foram demitidos na Mercedes-Benz. Eles faziam parte de um grupo de pouco mais de 1000 trabalhadores que estavam em lay-off desde o ano passado, mas não tiveram essa condição prorrogada, como aconteceu com o restante. Segundo o sindicato, a companhia alega baixo desempenho de alguns desses demitidos. Além disso, uma parte pequena teria aderido a um PDV. Ontem, segunda (5), o sindicato realizou uma manifestação de apoio aos demitidos na porta da montadora.
Segundo dados de dezembro de 2014 divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), de janeiro a novembro de 2014 as montadoras eliminaram 10 800 postos de trabalho e empregavam, até aquela data, 146 200 pessoas.
(Com Estadão Conteúdo)