Nascido em Barra Mansa, no estado do Rio de Janeiro, e muito ligado a São Paulo, Flávio de Carvalho (1899- 1973) pode ser chamado de um homem múltiplo: arquiteto, pintor, desenhista, cenógrafo, decorador, escritor, teatrólogo, engenheiro, agitador cultural… Essa última qualificação, na maioria das vezes empregada gratuitamente, faz em seu caso todo o sentido.
De fato, ele sacudiu provincianismos ao seguir de chapéu e na direção contrária uma procissão, em 1931, ou ao vestir um saiote e passear pelas ruas do centro da cidade, em 1956. Foram essas Experiências Nºs 2 e 3 as pioneiras do happening no país. O legado do modernista Flávio de Carvalho é tão fértil que o Museu de Arte Moderna (MAM) resolveu dedicar a ele seus dois espaços expositivos pelos próximos três meses.
Para dar conta de sua trajetória, o curador Rui Moreira Leite encheu a Grande Sala de 155 itens, entre pinturas, desenhos, esculturas, livros, jornais, revistas e catálogos. Os retratos — um de Mário de Andrade e outro de Jorge Amado, por exemplo — são o ponto alto da retrospectiva. Sobressaem ainda arrojados projetos arquitetônicos, caso das residências da Alameda Lorena, da sede da Fazenda Capuava e de propostas não realizadas, como a do prédio da embaixada argentina. Na Sala Paulo Figueiredo, o curador colombiano Inti Guerrero montou A Cidade do Homem Nu.
Ao fazer uma leitura livre de uma palestra sobre urbanismo dada por Flávio de Carvalho em 1930, ele alinhou criações de Claudia Andujar e Miguel Ángel Rojas, além de um traje usado por Ney Matogrosso na banda Secos & Molhados, entre outras peças.
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