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Flávia Ceccato e o Hot Hot, clube kitsch com sistema de som inédito

Ex-dona do lendário Lov.e traz à Bela Vista casa com 8.000 pontos de luz e drinques de picolé de frutas

Por Carolina Giovanelli
Atualizado em 5 dez 2016, 19h05 - Publicado em 23 nov 2009, 11h17
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  • No último dia 11, quem passou pelo número 570 da Rua Santo Antônio, no bairro da Bela Vista, percebeu um burburinho incomum. Entre botecos sujos e calçadas maltratadas, moderninhos e fashionistas inquietos faziam fila para a festa de inauguração do Hot Hot, novo clube da empresária Flávia Ceccato, de 38 anos. A santista radicada em São Paulo finalmente pôs fim à espera dos baladeiros da cidade, que aguardavam ansiosos pela novidade da ex-dona da Lov.e – casa na Vila Olímpia que foi xodó da noite paulistana por dez anos e fechou as portas em 2008. ‘ Foi uma experiência muito boa, mas que ficou no passado’, afirma. ‘ Gosto de pensar no presente.’

    Flávia semudou para a capital com o objetivo de cursar moda na Faculdade Santa Marcelina. Cansada da rotina estressante de estilista da marca Zoomp, que já durava oito anos, quis tentar novas experiências. ‘ Era uma escrava do tempo ‘, conta. Resolveu viajar pela Europa e dar uma esticada até a Índia por quatro meses. ‘ Foi lá que eu descobri o eletrônico. Quando voltei, comecei a sair de segunda a segunda.’

    A vida de empresária da noite surgiu por causa de um amor. Em suas andanças pelas madrugadas, conheceu Angelo Leuzzi, empreendedor responsável por comandar o Rose Bom Bom. Casaram-se e, em 1996, abriram o B.A.S.E., também na Bela Vista, clube-referência na música eletrônica. Um ano e meio depois, nasceu o Lov.e, que vivia abarrotado de gente de todas as tribos, dispostas a balançar ao som dos melhores DJs do mundo, como Sven Väth e Laurent Garnier. Quando o relacionamento terminou, Flávia assumiu o negócio sozinha. Deu tão certo que, oito anos depois, abriu o anexo Loveland, um lounge com ares de cabaré. Ainda no auge dos dois estabelecimentos, a moça tatuada resolveu vendê-los. ‘ As coisas só valem a pena quando se tem pique para elas ‘, diz. ‘ Sentia necessidade de outros desafios.’ Do último dia de funcionamento do Lov.e, em abril de 2008, até o mês de dezembro, quando encontrou a localização perfeita para o novo clube, ela peregrinou pelas ruas da cidade procurando placas de ‘ aluga-se ‘. Foi achar, logo ao lado de seu prédio, um espaço de quarenta anos com 600 metros quadrados, abandonado por mais de uma década. ‘ O lugar estava destruído ‘, lembra.

    A reforma deu resultado. Um corredor preto repleto de luzes recebe os frequentadores. Alguns metros à frente, rodinhas de amigos enchem o lounge. Pensada pelo arquiteto Guto Requena, que se inspirou (a pedido de Flávia) nas criações do designer dinamarquês Verner Panton, a decoração faz o estilo kitsch. Três lustres de madrepérola iluminam o bar. No cardápio figuram drinques elaborados com picolé de fruta batizados com nomes de boates célebres da noite paulistana, como Madame Satã e Latino. Para quem quer fugir do bar, máquinas de doces, café e energético compõem o ambiente. Descendo as escadas, centenas de pessoas dançam sob 8.000 pontos de luzes coloridas que acompanham o ritmo das músicas. Às quartas o rock dá o tom, e de quinta a sábado são as batidas eletrônicas que dominam. O poderoso sistema de som, chamado de Funktion-One, era até então inédito em casas da América Latina.

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    Uma das novidades é poder comprar o ingresso antecipadamente pela internet. ‘ Queremos evitar aquelas intermináveis filas na porta ‘, afirma Joel Dibo, sócio de Flávia na empreitada. Com a inauguração, a rotina dela voltou ao que era antes: acorda por volta do meio-dia, fica no escritório até as 20 horas e à meia-noite está no comando do clube, jornada que termina às 4 da manhã. ‘ Gosto de acompanhar tudo de perto ‘, diz. Por enquanto, as táticas da dama da noite parecem ter surtido efeito. Só no segundo dia de atividade eram 2 000 nomes na lista de entrada, em um espaço com capacidade para 450 pessoas. ‘ É como um filho: eu dei à luz, agora tenho de criar.’

     

    ■ Hot Hot. Rua Santo Antônio, 570, Bela Vista, Informações ☎ 2985-8685. 0h/último cliente (qua. a sáb.). R$ 30,00 (qua.), R$ 40,00 (qui.), R$ 50,00 (sáb.) e R$ 60,00 (sex.). Estac. c/manobr. (R$ 15,00).

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