No mar desde agosto de 2021, a expedição Voz dos Oceanos saiu de Santa Catarina com um objetivo: conscientizar o planeta sobre a presença crescente de plásticos nos oceanos. Uma nova parceria entre a Família Schurmann e a USP vai dar uma dimensão em detalhes sobre como o problema afeta de forma direta a população.
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É a quarta viagem do grupo famoso por suas aventuras em águas internacionais. O veleiro Kat leva Heloísa, 75, Vilfredo, 73, e Wilhelm Schurmann, 46, a bordo. Desde março deste ano, quando a expedição estava no Pará, Erika CembeTernex, 33, a cozinheira da tripulação e companheira de Wilhelm, compra frutos do mar de mercados locais.
A partir de então, de cada ponto da viagem — que saiu do Brasil rumo ao Caribe e depois segue para os Estados Unidos, volta para a América Central, passa por ilhas do Oceano Pacífico e termina na Nova Zelândia, em 2023 — os alimentos são enviados para o Instituto Oceanográfico da USP, na Cidade Universitária.
Em terras paulistanas, cientistas analisam o nível de presença dos chamados microplásticos nos organismos. “Os moluscos bivalves, que são ostras e mexilhões, são filtradores e acumulam o que existe no ambiente”, explica Alexander Turra, professor do instituto que coordena a pesquisa.
Com os dados, um grande estudo será publicado usando as informações. “Vamos avaliar, por exemplo, os riscos da presença de plástico nesses alimentos para a saúde humana”, diz Turra. Os canais das redes sociais da expedição divulgarão os resultados obtidos em cada parada.
Outra parte do projeto é o lançamento de um aplicativo, ainda em construção, que permitirá a análise da presença de lixo nas praias por meio de fotos e vídeos coletados por qualquer pessoa ao redor do globo. Um software vai investigar as imagens para detectar o nível de sujeira na areia. O app estará disponível para download em smartphones.
A pesquisa, no entanto, pode ir além. Em um cenário financeiro ideal, os pontos passam a ser continuamente monitorados, para a comparação anual da presença de microplásticos em cada região por onde passou a expedição. Para essa segunda parte, os Schurmann buscam apoio financeiro de parceiros. “É um projeto de menos de 1 milhão de reais. A primeira etapa, de um custo básico, a Voz dos Oceanos e a USP conseguem absorver”, explica David Schurmann, 47, que comanda da terra firme a Voz dos Oceanos.
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Publicado em VEJA São Paulo de 13 de abril de 2022, edição nº 2784