Há quase um mês, a prefeitura de São Paulo entregou o Largo da Batata, em Pinheiros, “totalmente revitalizado”. Anunciou plantio de setenta árvores novas, restruturação da iluminação, um novo parquinho, entre outras mudanças. Tudo com apoio de iniciativa privada. A reportagem de VEJA SÃO PAULO visitou o espaço dois dias depois a cerimônia e encontrou algumas falhas ignoradas pela reforma e outras já nos novos aparatos custeados por empresas privadas. Nesta semana, a reportagem voltou ao local e encontrou diversos problemas persistentes.
Em nota, a prefeitura informou que “Na próxima semana, a Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento vai fiscalizar o mobiliário do Largo da Batata e, se necessário, programar a manutenção desses equipamentos.”
O que funciona:
Iluminação: durante a revitalização, 58 postes foram trocados por unidades mais altas (7,5 metros, contra 5 metros anteriormente) e com lâmpadas mais potentes (150 W antes das obras e 250 W agora). Questionados, comerciantes da região confirmaram que a estrutura nova funciona normalmente e, até o momento, não apresentou falhas.
O que está feio ou não funciona:
Árvores: foram plantadas setenta em tamanho adulto para melhorar a aridez do espaço. Nesta semana, com sol forte e calor ultrapassando os 35 graus, algumas estavam secas, e pelo menos uma tinha no entorno um gramado mal aparado. “Contei onze árvores que estão secas”, disse a ativista Mariana Marchesi, do grupo A Batata Precisa de Você, também consultada pela reportagem.
Segundo a Prefeitura Regional Pinheiros, todas as árvores doadas pela iniciativa privada são regadas semanalmente e cada espécie tem um período de transição e adaptação ao espaço. “Caso alguma delas não se adapte ao novo local, a empresa doadora terá que repor sem custo para a Prefeitura Regional”, informou.
Calçadas: na revitalização, a prefeitura reduziu o tamanho dos canteiros de grama que margeiam as árvores e colocou paralelepípedos em volta. Porém, essa mudança afetou o calçadão, que ficou com piso irregular. Segundo a prefeitura, os paralelepípedos foram utilizados no espaço para facilitar a remoção de acordo com o crescimento das árvores.
Bancos danificados: de reformas passadas, os bancos de madeira posicionados sobre grandes blocos de concreto continuam apresentando defeitos, com falta de encostos. “A ideia desses bancos foi boa, mas consertam hoje e amanhã quebram”, disse o comerciante Wilson Galani, que trabalha há quase quarenta anos no pedaço.
–Árvore digital: localizada perto do parquinho para crianças, a estrutura tem três “tomadas” com duas entradas para cabo USB, cada. Nesta semana, assim como na visita passada da reportagem, uma das tomadas apresentava defeito. Segundo a prefeitura, não há registro de mau funcionamento nos pontos da árvore digital. “Em todo o caso, será realizada vistoria para verificar esses equipamentos”, diz nota.
Pombos: dezenas de pombos circulam entre os brinquedos da criança. A reportagem flagrou uma pessoa jogando alimento para as aves, que podem transmitir doenças. Em resposta, a prefeitura informou que o Centro de Controle de Zoonoses fará uma vistoria no local e, se necessário, tomará as providencias quanto à proliferação de pombos.
Limpeza: em alguns pontos da praça, como nas proximidades da Rua Teodoro Sampaio, é possível sentir cheiro de urina. Questionada sobre esse problema, a prefeitura disse que o Largo é lavado diariamente.
Carros: segundo a ativista Mariana Marchesi, é possível ver carros andando sobre as calçadas do Largo da Batata. “A circulação na praça aumentou muito. Isso detona o piso mais ainda”, disse. Nesta semana, alguns veículos da Polícia Militar estavam estacionados no espaço. Por meio da prefeitura, a Companhia de Engenharia de Tráfego informou que fiscalização no local será intensificada.
Logo no piso: na entrega do espaço, a Adidas fez uma quadra para realização de eventos esportivos no Largo. Hoje não tem nada lá, só uns traços aleatórios coloridos no chão e o logo da marca. Segundo a prefeitura, será realizada vistoria para verificar a tinta azul no piso.