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OLÁ,

“Não posso ter um Camaro?”, diz delegado investigado por patrimônio

Fábio Pinheiro Lopes afirma que carro e coleção de relógios são compatíveis com sua renda como policial e empresário

Por Nataly Costa
Atualizado em 5 dez 2016, 14h59 - Publicado em 1 abr 2014, 17h18

O delegado Fábio Pinheiro Lopes, um dos titulares do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), é investigado pelo Ministério Público Estadual (MPE) por suspeita de enriquecimento ilícito. O MPE apura se o patrimônio de Lopes é compatível com seu salário de 8 000 reais como profissional da 5ª Delegacia da Divisão de Investigações sobre Crimes Contra o Patrimônio, responsável por desmantelar quadrilhas de roubo a bancos.

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Entre os bens considerados suspeitos estão um Camaro branco com valor de 170 000 reais e uma coleção de relógios avaliada em cerca de 162 000 reais – patrimônio declarado no imposto de renda do delegado. Lopes afirma que não só tem como comprovar a origem como processará o promotor responsável pelo inquérito – o caso corre em segredo de Justiça. “Ele pegou minhas declarações de cinco anos anteriores à minha entrada no Deic, que foi em 2013, e relacionou isso com o que eu ganho na delegacia. É muito maldoso.”

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O delegado é sócio cotista de uma empresa de consultoria empresarial no Brooklin – segundo ele, seus clientes são construtoras e o negócio é “totalmente compatível” com suas atividades no Deic. “Tenho família no interior, meu pai é médico, eu tenho terras. Minha mãe morreu há dois dias e vai me deixar outros bens. Minha mulher é funcionária pública também e ganha o dobro do meu salário”, conta. Questionado sobre quanto tira mensalmente de lucro com a empresa, Lopes diz: “não tenho que dar satisfação de quanto eu ganho”.

Assalto no supermercado

O inquérito do MPE foi instaurado no fim de 2012 a partir de uma notícia que saiu nos jornais do dia: o delegado Fábio Pinheiro Lopes sofreu uma tentativa de assalto no estacionamento de um supermercado em Pinheiros, na Zona Oeste, e matou a tiros os dois ladrões. A foto da matéria mostrava o Camaro branco e “um cidadão comum”, segundo o MPE, que protocolou um pedido de investigação contra Lopes no dia seguinte.

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“Delegado não pode ter carro de 170 000 reais parcelado em trinta vezes? Onde está escrito que delegado de polícia no Estado de São Paulo tem de ser miserável?”, questiona. Para o Ministério Público, “ainda não está claro” se a origem dos bens e a atividade empresarial do delegado são lícitas e Lopes terá oportunidade para justificar seu patrimônio ao final da investigação.

 

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