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OLÁ,

Ex-senador Luiz Estevão será transferido de SP para o DF

Com dívidas de 3 bilhões de reais para os cofres públicos, ele cumpre pena por fraude contábil; veja fotos do político na prisão

Por Veja São Paulo
Atualizado em 5 dez 2016, 13h54 - Publicado em 27 out 2014, 21h04
Luiz Estevão
Luiz Estevão (Mario Rodrigues/Veja SP)
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A Justiça autorizou que o senador Luiz Estevão seja transferido do presídio Tremembé 2, a 160 quilômetros de São Paulo, para o complexo da Papuda, no Distrito Federal. A viagem deve acontecer na próxima semana.

Estevão está atrás das grades há cerca de um mês. Ele cumpre pena de três anos e seis meses, sob acusação de uma fraude contábil que, na década de 90, escondeu da Justiça um golpe de 1 bilhão de reais na obra do prédio do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em São Paulo. Ele sempre reafirmou inocência.

Sua defesa recorre em altas instâncias, questionando a legalidade da investigação feita pelo Ministério Público.

No sábado, o repórter Ulisses Campbell, da revista VEJA BRASÍLIA, relatou como é a vida de Estevão na prisão e publicou uma entrevista exclusiva com ele (a edição pode ser lida aqui na íntegra). Ali, trocou o jeans Diesel pela calça cáqui, o bacalhau ao forno do restaurante brasileinse Dom Francisco pelos talheres de plástico do cárcere, o treino da academia Bodytech pela leitura sentado em blocos de tijolo.

Confira abaixo a entrevista e veja acima as fotos do político na prisão.

 

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“VOCÊS NUNCA VÃO ME VER ARRASADO”

Sua prisão é justa? 

A minha prisão é totalmente injusta. Basta comparar com o caso do mensalão, em que todos os condenados que receberam sentenças inferiores a quatro anos cumpriram pena em regime aberto. No meu caso, a lei foi aplicada de forma diferente. Ou seja, a lei não é igual para todos.

Se a sua prisão é injusta, o senhor não deveria estar arrasado? Cheguei aqui e encontrei um homem adaptado ao presídio, sorridente. O senhor não parece o retrato de um preso condenado injustamente.

Vocês nunca vão me ver arrasado. Comigo não tem essa de depressão. Nunca vou tomar remédios para dormir. Não me arrependo de nada.

O senhor está numa penitenciária porque adulterou um livro contábil para esconder desvios de dinheiro público. Se arrepende de ter feito isso?

Eu não adulterei livro algum, nem sei quem o adulterou.

E quanto à participação de seus filhos à frente de negócios fraudulentos?

Fraudes? Que fraudes? Não tem fraude nenhuma.

Se não existem fraudes, de onde sai essa pilha de processos aos quais o senhor e a sua família respondem?

Você está querendo fazer um juízo de valor. Deixe que a Justiça decida se há fraude.

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O Ministério Público diz que são mais de 100 fraudes.

A credibilidade do Ministério Público não é maior do que a minha. Você está atribuindo ao Ministério Público o poder de dizer o que é certo e errado. Aliás, o Ministério Público é uma instituição derrotada. Eles não ganham uma comigo.

Os filhos que o senhor colocou para assumir parte das suas empresas tornaram-se réus em processos. Foi prudente envolvê-los nos seus negócios?

Não me arrependo disso. É muito natural que os filhos assumam os negócios do pai. O Ministério Público pode eleger réu quem ele quiser. Daí a ser verdade é uma grande distância. O fato de ser réu numa ação não faz de alguém um culpado.

O senhor comprou uma Ferrari, pôs no nome do seu filho e depois passou o carro para o nome de uma de suas empresas. Por que não deixou em seu nome, já que o veículo é seu?

Simplesmente porque tenho 65 anos de idade e ele vai usar a Ferrari mais do que eu. Eu estou numa fase da vida… o meu filho é solteiro. Depois passei o bem para o nome de uma empresa de ativos a fim de aumentar o capital dela.

Não tem receio de que seus filhos acabem presos como o senhor?

Não tenho essa preocupação porque o Ministério Público nunca teve êxito comigo. Isso só me traz uma sensação incômoda.

Hoje, o senhor tem um patrimônio estimado em 33 bilhões de reais e deve mais de 3 bilhões ao governo. Por que não pagar tudo de uma vez e se livrar dessa dor de cabeça?

Eu reconheço somente 354 milhões em dívidas e já estou pagando. Não resolvo isso à vista porque a lei me concede o direito de pagar a prazo.

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Por que deixou de pagar IPTU e acumulou essa enorme dívida com o GDF?

Porque no ano 2000 a Justiça bloqueou todos os meus bens. Com eles inviabilizados, os meus negócios deixaram de gerar receita e continuaram sendo tributados. Não tive como pagar os impostos.

Quantas empresas o senhor tem atualmente?

Ah, não sei. Tenho 48 anos de atividade empresarial. Não são 100, mas também não chegam a 1 000. Não vou afirmar o que eu não tenho certeza.

Não é estranho desconhecer quantas empresas existem em seu nome?

Pergunta mais besta. Não fico fazendo contas porque isso é coisa de velho avarento.

Ao investigar as suas atividades, o Ministério Público disse que encontrou mais de 1 000 registros de CNPJ em seu nome, em nome de familiares e de laranjas. Como explicar isso?

Se o Ministério Público conseguir provar que eu tenho mais de 1 000 registros de CNPJ, eu doo todo o meu patrimônio à União. Isso é mentira.

O Ministério Público acusa o senhor de abrir várias empresas com o mesmo ramo de atividade para escapar da investigação. O seu time de futebol, por exemplo, tem três números de CNPJ. Para que isso tudo? 

Porque quando fundamos o Brasiliense já havia outro clube chamado Grêmio Esportivo Brasiliense. Para evitar que houvesse outros clubes com nome parecido, a gente registrou três variações de nome, cada uma com um CNPJ.

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Do que o senhor tem mais saudade do mundo lá fora?

Da minha mulher, dos meus filhos e da minha agenda de trabalho. Mas sairei daqui um homem muito melhor do que entrei.

+ LEIA AQUI A REPORTAGEM COMPLETA

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