Estudantes desocupam Assembleia após quatro dias
Manifestantes haviam entrado no plenário da Casa para pressionar os deputados a assinar CPI que investigue fraudes no fornecimento de merenda escolar

Os cerca de 80 estudantes que ocupavam o plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo desde terça (3) deixaram o local na tarde desta sexta (6). Decisão da Justiça publicada ontem determinava a desocupação do espaço, sob pena de multa diário de 30 000 reais para cada manifestante. Após deixar o local, os estudantes fizeram um protesto em frente à sede do Legislativo estadual, no Ibirapuera.
A Casa foi ocupada na tarde de terça para pressionar os parlamentares a assinarem o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito que investigue supostas fraudes na compra de merenda escolar. Até o momento, 25 dos 94 deputados assinaram o documentos (são necessárias 32 rubricas para que o processo seja aberto).
Investigação do Ministério Público e da Polícia Civil apura o envolvimento do deputado Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia. De acordo com um dos suspeitos de comandar o esquema, o ex-presidente da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) Cássio Chebabi, Capez teria recebido dinheiro de propina após ter ajudado a destravar um contrato da cooperativa com a Secretaria Estadual da Educação.
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O deputado nega as acusações e afirma que seu nome tem sido usado de “forma criminosa” para “manchar a minha imagem”. “Já liberei meus dados bancários e fiscais para a Justiça e, inclusive, assinei o requerimento de abertura da CPI”, afirmou o congressista. “Sou o maior interessado na investigação, até porque tenho absoluta certeza de que sou inocente e que estão usando esse caso politicamente.”
A Coaf foi contratada em 2015 pelo governo do estado para o fornecimento de suco de laranja para escolas estaduais. O acerto total do negócio é de 13,5 milhões de reais. Os investigadores afirmam que o governo comprou suco superfaturado. O contrato previa que a Coaf forneceria um litro de suco por 6,10 reais. De acordo com as apurações, o preço de mercado gira em torno de 3,70 reais. Os promotores também investigam contratos da Coaf com 22 prefeituras paulista.