“Vestida” na areia
Aos 26 anos, a estilista Andréia Graffiette, da Dibikini, quer conquistar um lugar ao sol na gigantesca praia que é o chamado mercado de beachwear. Sua grife está apenas na terceira coleção de verão, mas já seduziu consumidoras estreladas como Angelita Feijó, Guilhermina Guinle, Betty Lago, Priscila Fantin e a atriz americana Meg Ryan. “Ela até me mandou um cartão elogiando nosso trabalho”, conta. No mês passado, a Dibikini conseguiu entrar na badaladíssima rede Intermix, o que fez o número de seus pontos-de-venda nos Estados Unidos passar de dois para 26. As criações de Andréia também são encontradas em Portugal, Dubai e Haiti. Por aqui, quem quiser um modelito deve ir ao show-room, na Vila Nova Conceição, ou na Clube Chocolate, nos Jardins, com a qual tem contrato de exclusividade. Clientes de carteirinha ainda podem escolher as peças em casa. Basta ligar para o show-room, dizer o tamanho e se preparar para receber um malão recheado de opções. A estilista lembra que já vendeu, desse jeito, dezenas de peças à apresentadora Angélica. “Quando vem para São Paulo, ela me pede: ‘Dedéia, manda a mala’.” Andréia investe em biquínis e maiôs bem grandinhos, que custam entre 140 e 280 reais. “As mulheres querem se sentir vestidas na praia e poder andar na frente do sogro, por exemplo, sem constrangimento”, afirma.
Dibikini. Rua Afonso Brás, 408, sala 205, Vila Nova Conceição, 3849-0105. https://www.dibikini.com.br
Sexy, sem deixar de ser comportada
Mesmo com medidas de modelo – 1,73 metro de altura e 55 quilos –, a ex-editora de moda e estilista Amalia Spinardi sempre comprou biquínis de tamanho grande. “Nunca me senti à vontade nem para usar um médio, mesmo quando era adolescente”, afirma ela, que desde os 16 anos coleciona peças de moda praia (tem quase uma centena em suas gavetas). Em 2001, quando engravidou de seu filho Joseph, começou a sentir-se desconfortável à beira da piscina. “As calcinhas G não me serviam mais”, lembra. “Foi quando eu pensei: ‘Como uma pessoa mais cheinha usa biquíni no Brasil?’.” A estilista pressentiu aí um mercado e partiu para criar modelos mais comportados e glamourosos. “Cansei também daquelas velhas estampas de florzinha e coqueirinho.” Inaugurou a Jo de Mer em 2004, na Oscar Freire, onde já recebeu clientes como as modelos Gisele Bündchen, Ana Beatriz Barros e Luciana Curtis. Sua produção é relativamente pequena. São 8400 peças por coleção (entre 150 e 260 reais), contra 300000 das marcas líderes. Ano a ano, no entanto, esse número cresce cerca de 20%. Para este verão, Amalia aposta no maiô engana-mamãe. Fechada na frente, a peça tem um decote generoso nas costas: “É sexy sem ser vulgar”.
Jo de Mer. Rua Oscar Freire, 329 A, Jardim Paulista, 3081-4232. https://www.jodemer.com.br
Para usar no iate
No mundinho da moda, a conversa é que o público do estilista Guilherme Vieira, da recém-nascida Clube Bossa, não poderia ser mais específico: mulheres que não querem saber de areia na hora de se bronzear. O negócio delas é desfilar seus biquínis em iates. Ele concorda. “Minha cliente tem mais de 25 anos e busca sofisticação.” Suas criações vêm em números baixíssimos. “Fazemos 2?000 peças por temporada”, diz Vieira, que trabalha com tecidos finos como seda, chiffon e musselina, além de investir em ferragens e aplicações exclusivas. Nesta coleção, um de seus modelos foi decorado com quadradinhos de marfim vegetal lapidado em Rondônia. Tanto frufru tem seu preço. Ficam pendurados nos cabides do pequeno e gracioso showroom da grife modelos que giram entre 200 reais e 1?000 reais. No mercado há um ano e meio, Vieira aposta nas hot pants, aquelas calcinhas enoooormes que tomaram conta das passarelas na última São Paulo Fashion Week. “Para um visual clean, minhas peças têm cores e florais discretos”, diz.
Clube Bossa. Alameda Campinas, 880, sala 42, Jardim Paulista, 3288-3443. https://www.clubebossa.com.br
Oncinhas, argolas e paetês
Adriana Degreas traz na ponta da língua a imagem da mulher elegante na praia: “Ela veste um biquíni com estampa de onça e modelagem maior, usa óculos escuros grandes e leva uma bolsa-carteira para carregar o essencial, ou seja, um protetor solar fator 50”. Paulistana formada em desenho industrial pela Faap, Adriana se interessou por moda ainda pequena, estimulada pelo guarda-roupa recheado de referências de sua avó paterna, Lúcia. “Tinha criações de Azze-dine Alaïa, André Courrèges, Emilio Pucci, Dener, entre outros”, conta. A marca de biquínis que leva seu nome, lançada em 2006, prima pela sofisticação. Paetês, argolas e padronagens exclusivas transformam-se em um total de 50000 peças distribuí-das por três coleções por ano. Cerca de 20% da produção é exportada para Grécia, Dubai, Itália, Londres e Portugal. Com valor médio de 250 reais, suas criações fogem de modismos. “Busco inspiração na década de 70 e na alta sociedade”, diz ela, que comemora os bons resultados de sua primeira loja, aberta em agosto do ano passado, nos Jardins.
Adriana Degreas. Rua Melo Alves, 734, Jardim Paulista, 3064-4300. https://www.adrianadegreas.com.br
Paulistanas apaixonadas pelas areias de Camburizinho, Baleia e Barra do Saí, as amigas Bebel Fioravanti, de 25 anos, Isabela Frugiuele, 25, e Carla Franco, 27, dividiram inúmeras vezes o mesmo guarda-sol nas praias do Litoral Norte. Estudantes da Faap – Bebel cursava hotelaria, Isabela, artes plásticas, e Carla, administração –, em 2004, com o diploma nas mãos, nenhuma se viu exatamente empolgada com a profissão escolhida. Eram os desenhos de biquínis feitos por Isabela que, de fato, tiravam o sono das moças. Com tino para os negócios, Bebel e Carla corriam atrás de contatos para vender as peças. Conseguiram por três anos parcerias com grifes como Daslu, NK Store e Le Lis Blanc. A marca própria, batizada de Triya, surgiu em 2006, com peças luxuosas, feitas de tecidos nobres, como veludo e seda, com padronagens digitais. “Nossas criações refletem um clima urbano e high-tech”, define Isabela. Em cada uma das quatro coleções, a marca produz cerca de quarenta modelos de biquíni e sessenta peças de roupas e acessórios, vendidos a preços que variam de 140 a 600 reais. Desde setembro, além da loja no Itaim, as sócias mantêm uma filial na Daslu. Para 2008, elas apostam em desenhos inspirados em pinceladas e riscos à la Jackson Pollock, o pintor americano ligado ao expressionismo abstrato. “Não pensamos muito em tendências, mas em originalidade.”
Triya. Rua Garimpeiros, 21, Itaim Bibi, 3073-1467. https://www.triya.com.br
Para gringo ver (e usar)
O cenário não poderia ser mais inusitado. Foi na Londres coberta de neblina que as amigas Carolina Andraus, de 30 anos, e Vanda Jacintho Goulart, 28 anos, falaram pela primeira vez em lançar uma marca de biquíni. Em 2005, enquanto fazia um curso de especialização em fotografia e designer gráfico na capital inglesa, Vanda convidou Carolina para uma visita. Durante passeios pela cidade, elas descobriram que mantinham em comum uma relação, digamos, bem européia com a praia. Ambas fogem do sol, nunca se imaginaram com os clássicos fios-dentais brasileiros e tinham dificuldade em encontrar peças que lhes agradassem. Nascia aí a Beach Couture. Formada na London College of Fashion, Vanda é quem desenha os quinze modelos que compõem uma única coleção anual, num total de 2500 peças. Com cortes grandes, quase como as calcinhas de antigamente, e tecidos macios, feitos de algodão e elastano, seus biquínis são sucesso na Grécia, em Dubai e na Inglaterra – a exportação corresponde a 70% das vendas. Para o verão 2008, a marca aposta em composições gráficas e cores pastel, como o bege e o rosa. Os produtos estão à venda na Daslu, na Pelu, na Thelure e na NK Store, por preços que variam de 170 a 700 reais. Em maio, a dupla prepara-se para a inauguração de um corner na badalada rede inglesa de roupas femininas Topshop, que desde o ano passado oferece, por exemplo, uma coleção assinada pela modelo Kate Moss.
Beach Couture. https://www.beachcouture.com.br