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OLÁ,

“Espectros” traz o peso das conquistas femininas

Drama adaptado por Ingmar Bergman está em cartaz no Sesc Consolação

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 14 Maio 2024, 12h38 - Publicado em 21 Maio 2011, 00h50

Em sua última investida como diretor teatral, o cineasta sueco Ingmar Bergman (1918-2007) vasculhou sem cerimônia o universo do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906). Ao adaptar o drama “Espectros”, escrito em 1881 e revisitado em 2002, construiu uma peça essencialmente feminina. A maior destas licenças foi levar o foco para a matriarca Helena (Clara Carvalho). Depois de um longo exílio, o filho Oswald (Flavio Barollo) volta para casa a fim de participar de uma homenagem póstuma ao pai: a inauguração de um orfanato gerenciado pelo pastor Manders (Nelson Baskerville). A revelação de um segredo envolvendo Regine (Patrícia Castilho), a ambiciosa empregada da família, e o pai alcoólatra dela (papel de Plínio Soares) remete a um painel de opressão e falsas aparências.

Dirigida por Francisco Medeiros, a montagem trata de ambiguidades e dissimulação no contraponto entre as personagens de Clara, em interpretação imponente, e de Patrícia, uma jovem atriz em constante evolução. Se Helena suportou por anos as subordinações do casamento e, depois de tomar o poder, não abre mão disso por nada, Regine tem pressa em abandonar a condição de agregada. Medeiros reforçou a adaptação de Bergman num panorama no qual elas detêm a força. Competente, o elenco masculino reproduz as inquietações de homens frágeis, que servem de gatilho para detonar os conflitos norteados por mulheres muitas vezes sem escrúpulos.

AVALIAÇÃO ✪✪✪

 

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