Equipada com 342 câmeras, a central de monitoramento do Colégio Santo Américo, no Morumbi, funciona 24 horas. Preocupados com a segurança dos alunos e seus familiares, que pagam entre 1 675 e 2 975 reais de mensalidade, os diretores mantêm ainda vinte vigias e ronda de dois motociclistas nas imediações. O Rio Branco, em Higienópolis, atualmente testa os segways, um tipo de patinete motorizado, para garantir um deslocamento rápido e ajudar a inibir ações suspeitas nas ruas próximas dali. No São Luís, na Bela Vista, o embarque e o desembarque dos alunos são feitos em uma via interna acessada apenas por veículos com um adesivo de identificação. E, no colégio judaico I.L. Peretz, na Vila Mariana, os portões e janelas que dão acesso ao prédio são vedados e blindados.
Reforçar o esquema de vigilância é uma preocupação constante das escolas particulares da capital. A novidade é que alguns pais levam isso mais em conta do que a qualidade de ensino na hora da matrícula. A conclusão é da pesquisa divulgada no último dia 7 pelo Ibope Inteligência por encomenda da empresa de alimentação GRSA. Segundo o levantamento, na hora de decidir onde os filhos vão estudar, o que vem em primeiro lugar é a segurança oferecida pela instituição. A qualidade da educação vem em segundo plano e, atrás dela, as amizades das crianças. Para chegar a tais resultados, o instituto entrevistou 108 pais — metade deles paulistanos e o restante moradores de Porto Alegre, Curitiba, Brasília, Recife e Salvador.
“Os critérios de avaliação de uma escola mudaram muito nos últimos vinte anos”, afirma Sylvio Gomide, diretor do Colégio Mater Dei, no Jardim Paulista, acostumado a questionamentos sobre o que oferece para garantir o sossego das crianças. “Proteção e proximidade de casa se tornaram preponderantes.” Entre as medidas preventivas, a escola tem patrulhamento externo e o hábito de telefonar para a casa dos estudantes que não foram à aula para verificar se está tudo em ordem. “Eu já sabia que o ensino no Santo Américo era bom”, diz a advogada Vanda Bernardes, mãe de dois alunos, de 6 e 9 anos. “Mas a garantia de que eles estariam bem protegidos pesou bastante na escolha.”
De acordo com a diretora executiva da Fundação Victor Civita, Angela Dannemann, é comum os pais partirem do princípio de que o ensino oferecido por colégios renomados prima pela qualidade. “Tal raciocínio, no entanto, não é correto. Mesmo escolas consagradas podem ter oscilações e, por isso, os pais devem acompanhar o aprendizado de perto.” O envolvimento dos responsáveis pode, inclusive, contribuir para a segurança. “A integração entre a família e a escola é fundamental para que nosso esquema funcione”, diz o diretor geral e pedagógico do Dante, Lauro Spaggiari. “Nosso quadro de funcionários muda muito pouco e eles conhecem a maioria dos pais e alunos pelo nome.”
Há poucos meses, a funcionária pública Suelly Takase, mãe do estudante Edison, de 8 anos, foi quem se beneficiou do aparato de proteção da escola do filho, composto por mais de 100 câmeras, vigias à paisana e ônibus rastreados. Ao estacionar o carro a um quarteirão e meio do portão do Dante, foi abordada por um dos seguranças, que a cumprimentou e perguntou se precisava de algo. “Na hora, fiquei confusa com aquela atitude”, conta. “Depois, ele me explicou que eu era alvo de um possível assalto. Graças à sua ação, fiquei livre dessa.”
OS DIFERENCIAIS DE ALGUMAS ESCOLAS
■ Vigias à paisana e motorizados
■ Câmeras que gravam ambientes internos e externos 24 horas e são ligadas a centrais de monitoramento
■ Portas e janelas blindadas
■ Cães de guarda para ronda noturna
■ Área interna de embarque e desembarque
■ Adesivos e crachás que funcionam como senha de acesso aos pais
■ Treinamento de técnicas de segurança para toda a família e distribuição de informes sobre ocorrências e condutas necessárias
Fontes: colégios Dante Alighieri, I.L. Peretz, Mater Dei, Rio Branco, São Luís, Santa Maria e Santo Américo
O RANKING DAS PRIORIDADES
As preocupações dos pais entrevistados em relação à escola
Fonte: Ibope Inteligência/GRSA