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OLÁ,

“Entrei em pânico”, diz amigo de jovem eletrocutado no Carnaval

Lucas Antônio Lacerda da Silva, de 22 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital Santa Casa no domingo (4)

Por Adriana Farias
Atualizado em 5 fev 2018, 19h21 - Publicado em 5 fev 2018, 18h27
O estudante de engenharia foi ao Carnaval participar da folia do bloco Baixo Augusta (Reprodução Facebook/Veja SP)
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O estudante de engenharia Lucas Antônio Lacerda da Silva, de 22 anos, morreu eletrocutado na tarde de domingo (4) ao se apoiar em um poste de sinalização de pedestres na esquina das ruas da Consolação e Matias Aires, em Cerqueira César. No momento ocorria a passagem do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta. O caso foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo.

O amigo dele, o também estudante Heitor Henrique Ciciliano, 21, estava com Lucas e relatou a VEJA SÃO PAULO o que aconteceu. “Na hora foi um misto de adrenalina para tentar tirá-lo daquela situação e pânico do que tinha ocorrido”, disse. “Depois de pedir socorro para os policias [guardas civis metropolitanos] e não recebê-lo foi um sentimento de indignação e impotência, pois não dava para fazer nada. Estava de mãos atadas”, contou.

Confira abaixo o relato.

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Lucas Antônio Lacerda da Silva, de 22 anos, morreu eletrocutado no pré-carnaval em São Paulo (Reprodução Facebook/Veja SP)

Lucas e eu íamos a bloquinhos desde o ano passado e estávamos muito animados para curtir o deste ano também. Para gente, o Carnaval de domingo havia sido o mais legal de todos.

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Estávamos seguindo com o bloco, e decidimos ir ao banheiro, virando na Rua Matias Aires. Quando estávamos voltando para o bloco, fomos passar pelas grades que haviam na rua para controle de fluxo. Nisso o Lucas, que estava na minha frente, foi passar primeiro e se apoiou no poste de sinalização para pedestres para não tropeçar. Com isso ele levou a primeira descarga elétrica caindo imediatamente. Com o tombo acabou encostando o pescoço no poste também levando assim uma segunda descarga. Essa chegou a queimar o pescoço dele na área do toque. Nesse momento, eu ainda atrás das grades, apenas consegui puxá-lo pelo seu abadá. Então, percebi o que havia acontecido. Também senti uma corrente elétrica, porém dissipada pois apenas contraiu minhas mãos. Consegui tirar as grades tentando chegar até ele para socorrê-lo, mas ele já estava desacordado e com muitas pessoas em volta. Depois de afastar todo mundo do entorno deixei apenas um homem que fazia massagem cardíaca nele e fui pedir socorro para os guardas municipais que estavam ao nosso lado junto a uma viatura. Os guardas disseram que não podiam fazer nada, pois não eram treinados para primeiros socorros.

Nesse momento, uma mulher que passava junto com o bloco se anunciou médica e se dispôs a fazer os primeiros socorros. Ela assumiu o socorro. Tudo isso ainda nos primeiros dez minutos. Um dos problemas do ocorrido foi a demora que a ambulância custou a chegar, por volta de trinta minutos após o ocorrido.

Lucas Antônio Lacerda da Silva foi levado para o pronto-socorro da Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Ele será enterrado em sua cidade natal no município de Cardoso, a 559 quilômetros de São Paulo.

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Os equipamentos de câmeras de segurança em que Lucas se feriu foram instalados pela empresa GWA Systems, uma terceirizada contratada da companhia Dream Factory para monitorar a passagem dos blocos neste Carnaval. Procurada, a Dream Factory afirmou que o caso está sendo investigado.

“A empresa lamenta o ocorrido com o jovem. Somente a perícia dos órgãos competentes poderá informar se a causa da morte está ou não associada a instalação das câmeras da GWA System. Neste momento ainda não há esta confirmação. A empresa afirma que está à disposição para colaborar com as investigações”.

A Polícia Civil informou que o caso foi registrado como morte suspeita (morte súbita, sem causa determinante ou aparente) e está sendo investigado em inquérito policial instaurado pelo 4°DP (Consolação). “Os responsáveis pela organização do evento serão acionados, e a polícia aguarda os laudos referentes à perícia feita no local e o resultado do exame necroscópico na vítima, que podem auxiliar no esclarecimento do caso”, informou em nota a Secretaria de Segurança Pública (SSP).

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