O agravamento da pandemia do coronavírus no Brasil, somado ao término do auxílio emergencial do governo federal, atingiu em cheio as populações mais pobres e vulneráveis da metrópole. O resultado imediato, menos comida na mesa, leva muitas pessoas a depender exclusivamente das ações de voluntários. Não é incomum uma ação social específica ser o único meio de acesso a alimento para membros de uma família inteira.
“Uma mãe veio aqui e disse que desde novembro vive das nossas quentinhas. São duas de manhã e duas à noite que ela, desempregada, divide com seis pessoas”, afirma Marcivan Barreto, presidente da Central Única das Favelas (Cufa) em São Paulo. A entidade tem como base principal a favela de Heliópolis e atua solidariamente em 250 comunidades carentes da Grande São Paulo. Até o ano passado, o trabalho principal da Cufa era na arrecadação e distribuição de cestas básicas. Agora, com o preço do gás de cozinha beirando 100 reais, as marmitas são a primeira necessidade de muita gente.
“Fazemos e entregamos de 800 a 1 000 quentinhas por dia, mas nossa demanda é muito maior e dependemos de doações para chegar a pelo menos 1 500 unidades diárias”, afirma Barreto. Na união de moradores local (Unas), também em Heliópolis, além das cestas básicas, há ações de distribuição de kits de higiene e limpeza, também dependentes de doações por parte de empresas e pessoas físicas. Veja no final da matéria locais que podem receber doações.
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Do outro lado do Rio Pinheiros, em Paraisópolis, as 10 000 marmitas feitas diariamente no ano passado se resumem a, no máximo, 20% do montante de antes. “Conseguimos muitas doações na última semana e temos comida para mais quinze dias”, afirma Gilson Rodrigues, presidente da União de Moradores de Paraisópolis. “Mas é preciso uma ação perene, para fazer com que mais pessoas possam se alimentar adequadamente.” Tanto as ações da Cufa quanto as da União de Moradores de Paraisópolis possuem diversidade no recebimento das doações. Uma delas é a possibilidade de o doador ligar em um dos mercados locais e fazer uma encomenda da quantidade que quiser.
A prefeitura paulistana, por meio do programa Cidade Solidária, tocado pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos, recebe doações de cestas básicas, alimentos não perecíveis e kits de higiene. Um dos locais indicados fica em um galpão da Cruz Vermelha, em Indianópolis.
Na Vila Medeiros, o restaurante Mocotó promove desde o ano passado uma ação que entrega marmitas e cestas com produtos orgânicos para moradores carentes do pedaço. A exemplo de Heliópolis e Paraisópolis, ali a conta é maior do que a necessidade.
“Fazemos cem marmitas por dia, a metade do que fazíamos no ano passado”, reconhece Rodrigo Oliveira, chef e proprietário da casa, que, com a esposa, Adriana Salay, ganhou o prêmio Causa Social de VEJA SÃO PAULO COMER & BEBER pela iniciativa. Para ajudar a custear o projeto, Oliveira lançou mão de vaquinha virtual que tem como objetivo arrecadar 100 000 reais. Até a última quarta-feira (24), somou 84 000 reais. “Pode parecer clichê, mas qualquer pequena doação faz toda a diferença”, afirma.
Mapa da doação: por onde ajudar
União de Moradores de Paraisópolis Rua Ernest Renan, 1366 PIX: 12.772.787/0001-99 97723-4537; g10favelas.com.br/
Central Única das Favelas (Cufa) Rua Coronel Silva Castro, 151, Heliópolis www.cufa.org.br 98103-9227
União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis (Unas) Rua da Mina Central, 38 PIX: 38.883.732/0001-40 www.unas.org.br/doe
Quebrada Alimentada (Restaurante Mocotó) Av. Nossa Senhora do Loreto, 1100, Vila Medeiros 2951-3056 www.vakinha.com.br (ID 1026885)
Paróquia São Miguel Arcanjo (Padre Julio Lancellotti) Bradesco: agência 0299 Conta-corrente: 034857-0 CNPJ: 63.089.825/0097-96
Missão Paz (Padre Paolo Parise) Bradesco: agência 515 Conta-corrente: 34123-1 CNPJ: 62.806.682/0004-24
Programa Cidade Solidária (Prefeitura de São Paulo) Avenida Moreira Guimarães, 699, Indianópolis. doacoes@prefeitura.sp.gov.br
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Publicado em VEJA São Paulo de 31 de março de 2021, edição nº 2731