Terreno no Butantã é alvo de disputa por acusação de desmatamento
Empresa vizinha ao Parque Previdência é investigada por derrubada ilegal de árvores para fazer empreendimento comercial
Inaugurado em 1979 e com uma área de 91 500 metros quadrados, o dobro do Parque Trianon, o Parque Previdência é um importante respiro verde para os moradores do Butantã, na Zona Oeste. Localizado entre a Rodovia Raposo Tavares e a Avenida Eliseu de Almeida, o espaço conta com parquinho, bosque, pista de caminhada, a Trilha do Jequitibá, além de equipamentos sociais da prefeitura. Nos últimos meses, o refúgio tem perdido a tranquilidade, não por questões internas ou de seus frequentadores, mas por um barulhento vizinho, que ocupa um terreno adjacente de 6 600 metros quadrados.
A área em questão fica nos fundos do parque e vem sendo desmatada irregularmente pela Engeterra Engenharia e Terraplanagem Ltda., dona do espaço e que cogitou construir um grande empreendimento de lazer, com pista de kart, boliche e restaurante. O barulho das motosserras, juntamente com o forte cheiro de diesel dos maquinários, chamou a atenção dos vizinhos e frequentadores do pedaço a partir de 2022. Desde então, eles se mobilizaram para barrar a empreitada e formaram o Movimento Defenda Parque Previdência, que realizou três manifestações desde então.
“O parque tem fragmentos de Mata Atlântica em estado de regeneração e abriga uma vida animal intensa. Com o barulho da obra e o desmatamento, houve um fluxo dos animais para os arredores”, conta Sergio Reze, membro da associação de moradores do entorno. O cenário, inclusive, representa um perigo para as cecílias, pequenos anfíbios encontrados recentemente por ali. Trata-se de uma espécie que vive enterrada no solo e é muito sensível às mudanças na temperatura, umidade e movimento de terra.
Tão logo as primeiras unidades arbóreas foram levadas ao chão, a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente foi acionada e multou a empresa duas vezes, em autuações que chegam a 20 000 reais. Após a segunda penalidade, em julho de 2023, a obra foi embargada.
Em outra esfera, o Ministério Público instaurou um inquérito civil para apurar as denúncias de contaminação do solo, derrubada ilegal de árvores e desvio de nascentes. O caso segue em tramitação.
Apesar de a empreitada da Engeterra estar temporariamente paralisada, os perigos decorrentes da derrubada ilegal de árvores são iminentes, pois parte da terra corre risco de colapso devido à retirada da cobertura vegetal em uma encosta. “O terreno, que já é muito úmido e está mole, pode colapsar com a chuva”, afirma José Jacinto, integrante do Conselho Gestor do Parque Previdência.
Durante a revisão da Lei de Zoneamento, no fim do ano passado, os grupos conseguiram transformar o terreno vizinho em um área de preservação ambiental. O texto foi aprovado na Câmara Municipal e está nas mãos do prefeito Ricardo Nunes. Caso o tópico seja sancionado, a empreitada da Engeterra, que não respondeu aos pedidos de entrevista de Vejinha, iria por água abaixo.
Publicado em VEJA São Paulo de 12 de janeiro de 2024, edição nº 2875
Juliana Paes é a nova embaixadora da Natura Lumina
‘O Agente Secreto’ é um acontecimento cinematográfico com elenco precioso
Museu do Ipiranga tem programação gratuita de cinema no mês da Consciência Negra





