Em exposição, Ralph Lauren exibe 17 carros de sua bela coleção
Estilista americano empresta modelos de automóveis europeus históricos, alguns com quase nove décadas de quilometragem
Entre a Pirâmide do Louvre e o Jardim das Tulherias existe um espaço adorado pelos amantes da moda. Não, não se trata do endereço de um incensado sapateiro parisiense nem de um dos impecáveis brechós lotados de Chanel e Dior que são a cara de Paris. Trata-se, sim, do Museu de Artes Decorativas. Com entrada para a Rue de Rivoli, o museu abriga, neste momento, duas exposições imperdíveis. Uma delas reúne as criações significativas de estilistas das décadas de 1990 e 2000 — é a segunda parte de uma retrospectiva da história da moda contemporânea. A outra, que abre hoje, quinta-feira, 28, é totalmente dedicada a Ralph Lauren, o estilista americano mais rico do mundo, dono (sozinho) de um império de moda e estilo de vida que só se compara ao do italiano Giorgio Armani. É um erro, no entanto, acreditar que essa mostra vai interessar somente à parcela da população interessada no vaievém do comprimento das saias. Pelo contrário. A coleção de Lauren reunida na sala à direita da entrada do Arts Décoratifs é feita sob medida para os marmanjos apaixonados pelo vaievém de vrum..vrum..vrum de motores. Pela segunda vez na história de quase 150 anos da instituição, carros são o foco de uma mostra. É a primeira vez que Lauren exibe sua coleção. “Esses carros são para mim um prazer, mas eu não os considero objetos maravilhosos para serem admirados
pelos outros. São, sim, obras de arte feitas para dirigir, para passear com a minha família”, diz Lauren, famoso pela sua obsessão por carros esportivos fabricados por marcas consideradas a alta costura da indústria automobilística.
+ Viaje nas 17 supermáquinas expostas no Museu de Artes Decorativas
“L’Art de l’Automobile” (A Arte do Automóvel) destaca 17 carros — 1 Bentley, 2 Mercedes-Benz, 2 Alfa Romeo, 2 Bugatti, 3 Jaguar, 5 Ferrari, 1 Porsche e 1 McLaren — emprestados diretamente da garagem do estilista. A seleta traz modelos das antigas e se concentra principalmente na primeira metade do século 20. O vovô entre eles é o Bentley Blower, de 1929. E o único “mocinho” entre os expostos é o McLaren F1 LM, de 1996. Mas a coleção não é pautada pela nostalgia. “Sempre amei objetos feitos por artistas apaixonados pelo seu ofício, como foi Ettore Bugatti. Sou fascinado pelo lado artesanal destes caros, com acabamentos e metais feitos a mão”, diz Lauren, que preparou um site e um documentário sobre sua paixão sobre quatro
rodas. “Hoje a produção é muito mais sofisticada, mas o que eu amo, coleciono e dirijo são veículos com essa identidade particular.”
Há duas décadas, Lauren trabalha com Paul Russel, um historiador da indústria automobilística e restaurador baseado em Boston. Juntos, eles devolvem as características originais a essas supermáquinas, que parecem saídas da fábrica hoje. Entre os feitos, Lauren se orgulha de ter devolvido ao Alfa Romeo 8C 2900 Mille Miglia (1938) a sua pintura vermelho-vivo original. “Descobrimos o tom de fábrica sob cinco camadas de tintas escarlates diferentes”, diz o estilista. “Não é a minha cor preferida”, — Lauren é conhecido por amar os beges e tons de terra e os azuis jeans —, “mas o que importa é a autenticidade”, resume.