Ao contrário de países como China e Índia, o Brasil não tem tradição na produção de chá. Há raras marcas locais, e grande parte das plantações está concentrada na região de Registro, a 180 quilômetros da capital. Uma pequena empresa paulista, no entanto, vem chamando a atenção de consumidores e profissionais do ramo. Trata-se da Obaatian, fundada em 2014 em um sítio de 10 hectares no município do Vale do Ribeira. “É o melhor chá preto produzido hoje no Brasil”, afirma Carla Saueressig, especialista no setor.
Com uma produção de 450 quilos, o negócio deve faturar 70 000 reais em 2017, o dobro do ano passado. Em expansão, a marca vai inaugurar em janeiro uma loja própria na capital, na Avenida da Aclimação, onde serão vendidos seus pacotinhos de 50 gramas (25 reais) e 100 gramas (45 reais), além de acessórios para preparar a bebida. Enquanto isso não ocorre, o item pode ser adquirido em outros dez pontos na cidade, entre eles o Espaço Kazu, na Liberdade.
A responsável por boa parte desse sucesso é a empresária Elizabeth Ume Shimada, de 90 anos. Ex-feirante e dona de ótica, a senhora de voz baixa levanta todo dia às 3h30 para comandar o sítio, ao lado de seus parentes. O braço-direito é o neto Swan Yuki Hamasaki. “O sucesso que estamos fazendo é consequência da qualidade do nosso produto”, afirma.
Por ali, a anciã administra a produção e, até o ano passado, ajudava a recolher as folhas do chão — dores nos joelhos a impediram de continuar executando a tarefa. Ela também viaja anualmente ao Japão, país de origem de seus pais, onde participa de feiras especializadas na área. E não pensa em abandonar tão cedo a atividade. “Quando as pessoas me perguntam qual o segredo da longevidade, eu respondo que é só acordar cedo e trabalhar”, ensina a “obaatian” (“vovó”, em japonês).