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Eleição em São Paulo tem índice de abstenção recorde na capital

O número de ausências é cerca de 8 pontos percentuais maior em relação a última disputa municipal

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 Maio 2024, 17h08 - Publicado em 16 nov 2020, 16h27
urna eletrônica
 (TSE/Reprodução)
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A eleição municipal de São Paulo registrou recorde no índice de abstenção no último domingo (15). 2.632.587 pessoas, ou seja, 29,29% dos paulistanos aptos a votar, não compareceram às urnas.

Além das abstenções, também houve registro significativo de votos atribuídos a nenhum dos candidatos. Em relação a eleição à prefeitura, foram 373.037 votos em branco e 642.277 votos nulos, o que representa 15,98% de votos direcionados a nenhuma legenda. O número de “não votos” é maior para a Câmara dos Vereadores: foram 577.648 votos brancos e 660.927 votos nulos que somam 19,49%. 

Em 2016, o número de abstenções da capital foi de 1.940.454, o que representou 21,84% do total de votantes aptos da cidade, índice aproximadamente 8% abaixo deste ano. Em 2012 o índice foi de 18%. As eleições municipais 2008 e 2004 tiveram 16% e 15% de abstenções, respectivamente.

No âmbito nacional, o pais chegou a 23% de abstenção, a maior dos últimos 20 anos para eleições municipais. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, não vê com preocupação esse aumento. “Os níveis de abstenções foram inferiores a 25% (no Brasil), portanto, em plena pandemia, nós tivemos um índice de abstenção pouco superior ao das eleições passadas”.

Primeiro turno na capital

Bruno Covas (PSDB) atingiu a marca de 32,85 % dos votos válidos no primeiro turno das eleições pela prefeitura de São Paulo. Guilherme Boulos (PSOL) alcançou 20,24%. Com respectivos 40 e 38 anos, eles farão o segundo turno “mais jovem” desde a redemocratização na capital paulista.

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Houve atrasos na divulgação dos resultados. Em 2020, o TSE centralizou as informações sobre os estados nos servidores de Brasília. O núcleo de um supercomputador do órgão funcionou mal e São Paulo acabou tendo a contagem mais lenta que o esperado, informou o presidente do TSE. Em 2016, o resultado saiu oficialmente às 20h34.

A corrida pelo segundo turno foi disputada até os últimos momentos. Enquanto Covas disparava na liderança nas pesquisas, Boulos, Márcio França (PSB) e Celso Russomanno (Republicanos) travavam uma disputa apertada para enfrentar o tucano. França teve 13,64% dos votos válidos, Russomanno marcou 10,50%. Estreante da disputa, Arthur do Val, do Patriota, chegou a 9,78%. O PT repetiu o desempenho ruim do último pleito, com Jilmar Tatto registrando 8,65% da preferência dos eleitores. Joice Hasselmann teve 1,84%.

No discurso após a divulgação dos primeiros resultados eleitorais, Covas deu o tom da campanha que fará no segundo turno contra Boulos. Ao lado de João Doria no palanque, o tucano insistiu em pintar o concorrente como um radical. “A esperança venceu os radicais no primeiro turno, e a esperança vai vencer os radicais no segundo turno”, disse o atual prefeito. “São Paulo quer eleger um prefeito, não quer ninguém que seja um ‘anti’, que seja totalitarista, que seja radical”, ele afirmou.

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“Radicalismo para mim é a cidade mais rica do pais ter gente que revira o lixo pra comer. É no meio da pandemia a prefeitura manter hospital fechado. Radicalismo é o abandono do povo numa cidade como SP”, rebateu Boulos, em discurso feito no Campo Limpo, onde mora. No Twitter, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) declarou apoio ao candidato do PSOL: “Progressistas, ninguém arreda o pé de São Paulo até a vitória de @GuilhermeBoulos e a derrota dos tucanos. Vamos à luta.”, ele postou.

Neto do ex-governador Mário Covas (no cargo entre 1995 e 2001, quando foi vítima de um câncer com origem na bexiga), Covas nasceu e cresceu na militância tucana. Estudante do colégio Bandeirantes, ele se filiou ao partido aos 17 anos. Formou-se em Direito (USP) e Economia (PUC). Em 2018, assumiu a prefeitura no lugar de João Doria, que deixou o cargo para disputar o governo do estado — e de quem ele se distanciaria politicamente. Em outubro de 2019, descobriu um câncer no aparelho digestivo, ainda em tratamento. Tem como vice o vereador Ricardo Nunes, do MDB.

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Guilherme Boulos, 38, surgiu na cena política paulistana como líder do MTST, movimento que representa os sem-teto. Filho de um casal de infectologistas e professores da USP, ele cresceu na zona oeste paulistana. Aos 19 anos, deixou o conforto da classe média para morar em ocupações de pessoas sem moradia em Osasco. Graduado em Filosofia (USP) e mestre em psiquiatria (USP), atuou como professor na rede pública e em universidades. Após um resultado ruim na corrida presidencial de 2018 (com 0,58% dos votos), ele agora consegue superar a hegemonia do PT nos votos da esquerda paulistana. Tem como vice a ex-prefeita Luiza Erundina.

Nas últimas semanas, Boulos tinha registrado uma arrancada nas pesquisas eleitorais, enquanto Celso Russomanno (Republicanos) caiu. No sábado (14), um levantamento do Datafolha mostrou Covas com 37% dos votos válidos, seguido por Boulos com 17%, Márcio França (PSB) com 14% e Russomanno com 13%. Nas simulações de segundo turno, a mesma pesquisa mostrou que o tucano venceria Boulos por 57% a 30%. Nas vésperas do primeiro turno, o interesse pelos nomes de Covas e Boulos disparou nas buscas do Google.

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Quando assumiu a prefeitura, em 2018, Covas se tornou o mais jovem prefeito a comandar São Paulo. Ele tinha 38 anos. Fernando Haddad (PT) tinha 49 quando venceu em 2012. Gilberto Kassab (PSD) sucedeu José Serra, em 2006, aos 45 anos de idade.

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