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Partidos preparam candidaturas de subcelebridades para as eleições

Thammy Miranda, Chiquinho Scarpa e palhaço Atchim são alguns dos famosos que concorrerão a cargos de vereadores

Por Mariana Zylberkan
Atualizado em 1 out 2020, 15h57 - Publicado em 6 ago 2016, 00h00
Palhaço Atchim
Palhaço Atchim (Rogério Albuquerque/)
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Com um currículo que inclui de novela na Rede Globo a filme pornô, o ator Thammy Miranda, de 33 anos, nunca se imaginou na política até receber, em abril, convite do deputado federal Guilherme Mussi, presidente do Partido Progressista (PP). Para a legenda, ter um transexual na lista de postulantes a um cargo de vereador na corrida eleitoral que começa no dia 16 pode ajudar a reverter a imagem conservadora obtida graças a bastiões como Paulo Maluf. São igualmente claros os objetivos do candidato, que é filho da cantora Gretchen. “Pretendo estimular a igualdade de gênero, e, além do mais, quem não quer receber um salário fixo?”, afirma.

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Não falta gente da TV interessada nas 55 cadeiras do Palácio Anchieta, que garantem rendimento mensal de até 15 000 reais. Trata-se de uma tentativa dos partidos de emular fenômenos como o do palhaço Tiririca, que emplacou pela primeira vez a vaga de deputado federal em 2010, com 1,35 milhão de votos, e ajudou a eleger outros quatro parlamentares.

Os pleitos legislativos seguem a lógica proporcional — as vagas são divididas de acordo com o sufrágio total da agremiação, e não pelo desempenho individual do político. A tática espertalhona parece longe do desgaste. “Quanto menos importante é o cargo, na percepção do eleitor, mais ele se sente tentado a escolher esses nomes, seja por admiração, seja como protesto”, avalia o cientista político Antonio Lavareda.

Thammy Gretchen

O Partido Republicano Brasileiro (PRB) parece ser o mais empenhado em escalar um elenco digno de reality show. É a sigla de Celso Russomanno, ele próprio famoso pela TV, prefeitável favoritíssimo segundo as pesquisas, mas ameaçado de ser alijado da disputa pela Lei da Ficha Limpa. Sob forte influência da Igreja Universal, o partido tem como vice-presidente municipal o empresário Chiquinho Scarpa, que defende a bandeira da honestidade. “Não preciso roubar, já sou rico.”

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Há outros exemplos, como o do ex-atacante Marcelinho Carioca, derrotado em 2012 apesar de seus 19 729 votos, e estreantes, entre eles os jornalistas Ana Paula Neves e Carlos Cavalcante, ambos da Record. O Tiririca da vez é Eduardo dos Reis, de 55 anos, o palhaço Atchim da dupla com Espirro, popular nos anos 80 e 90. “A aposta do partido é nas crianças que assistiam a minhas apresentações naquela época e hoje são eleitores.” O Partido Trabalhista Nacional (PTN) entrará em campo com nomes como o comentarista esportivo Chico Lang e da drag queen Léo Áquilla. O PP apostou no cantor sertanejo André Carvalho, cuja maior marca é a barriga tanquinho.

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Nos últimos anos, São Paulo teve experiências lamentáveis com políticos desse naipe. Marquito (PTB), do Programa do Ratinho, é investigado por acusação de embolsar parte dos vencimentos de seus assessores. O cantor Netinho de Paula (PDT) teve o mandato cassado no ano passado por infidelidade partidária e, antes disso, sofreu investigações por uso de notas frias em prestação de contas. Marquito e Netinho negam as acusações. A nova safra dificilmente vai mudar esse quadro. Atchim promete defender os direitos infantis, mas não consegue citar uma sugestão em prol das crianças, nem fazendo malabarismo. Ideias e propostas não fazem parte das preocupações da turma. O que importa mesmo é o honorário. Quem não quer receber um salário fixo, não é?

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