Documentário ‘Dzi Croquettes’ mostra irreverência da trupe dos anos 70
Filme premiado na Mostra Internacional de São Paulo estreia e relembra fatos do grupo que riu da censura
Nos anos 70, o performático grupo carioca Dzi Croquettes desafiou a censura do regime militar com purpurinas e irreverência. Ícones da liberdade de expressão e do movimento gay, seus integrantes fizeram sucesso também na Europa. Fonte de influência para muitos artistas, a inovadora trupe é desconhecida das novas gerações. Para corrigir isso, estreia em boa hora o comovente documentário premiado pelo público na última Mostra Internacional de São Paulo.
Tudo teve início em 1972, quando amigos cansados da mesmice da cena cultural brasileira decidiram formar um conjunto. O ator Wagner Ribeiro e o coreógrafo americano Lennie Dale dividiam a liderança, mas todos os treze integrantes (Paulette, Cláudio Tovar, Cláudio Gaia e outros) contribuíam na criação dos shows. Vestidos de mulher ou em escandalosos trajes sumários, eles não eram bem drag queens — não tinham a preocupação de esconder a perna peluda ou a cara barbada. Sob o lema ‘o amor constrói’, misturavam números de dança ensaiados à exaustão, canções dubladas ou não, muito humor e uma boa dose de crítica social e política feita com escracho e ironia.
Com base em um farto arquivo de fotos e raras imagens em super-8, o filme revive a trajetória dos Dzi Croquettes e revela histórias (divertidas e tristes) de bastidores. Também foram entrevistados alguns membros e pessoas que conviveram com o grupo. Entre elas, o cantor Ney Matogrosso, a atriz Marília Pêra, o jornalista Nelson Motta e a estrela Liza Minelli, verdadeira madrinha deles na carreira internacional. Tudo é muito autêntico, a começar pelo envolvimento da codiretora, a atriz Tatiana Issa. Filha do cenógrafo Américo Issa, que pertencia ao grupo, ela cresceu entre os artistas e presta aqui uma sincera homenagem a essa tresloucada e impressionante família.
AVALIAÇÃO ✪✪✪