O cantor baiano Netinho, de hits como Mil E Uma Noites e Fim de Semana, acusou o médico Mohamad Barakat de ter receitado medicamentos anabolizantes que quase causaram sua morte em 2013. É a primeira vez que o cantor menciona o nome do especialista. Formado em oftalmologia, Barakat atua hoje à frente do Instituto de Medicina Integrada e Performance Humana, oferecendo programas para melhorar a nutrição e a qualidade de vida dos pacientes. No endereço em questão, localizado na Avenida Brasil, uma consulta custa 1500 reais. A clientela inclui pessoas como Renata Moreira, uma das noras do ex-presidente Lula, panicats e jogadores de futebol, entre outras. O local também é muito procurado pela turma que malha pesado nas academais.
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De acordo com a nota publicada pelo músico Netinho no Facebook no domingo (24), Barakat teria prescrito anabolizantes a ele entre 2010 e 2011, garantindo que não afetariam sua saúde e nem sua voz. Em maio de 2013, ele passou um ano internado no Hospital Sírio-Libanês. Em seu grave histórico de saúde, relata ter tido três AVCs, implantado válvula cerebral, stent cardíaco, entre outros procedimentos.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o cantor confirmou as declarações.
Diz o texto: “Se apenas hoje eu falo sobre A VERDADE como aconteceu o tratamento que fiz com o médico paulista Dr. Mohamad Barakat, é porque APENAS recentemente eu consegui recuperar TODAS as provas do que me aconteceu: receitas médicas, e-mails trocados com o Dr. Mohamad Barakat e suas secretárias na época quando ele me receitou e vendeu os produtos (anabolizantes, insulina, hormônios e diversos suplementos)”.
No post, ele ainda menciona que publicará um livro sobre o caso e cita reportagem de capa de VEJA SÃO PAULO intitulada “Os Médicos Que Receitam Bombas”, que mostra como Barakat e outros profissionais recomendam anabolizantes e hormônios sintetizados em laboratório para pacientes que buscam rapidamente o corpo perfeito, atitude reprovada pelo Conselho Federal de Medicina.
No início deste ano, Barakat virou réu em uma ação do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), que abriu processos ético-disciplinares contra três especialistas da capital. O trabalho é a evolução de uma sindicância aberta no órgão depois da publicação da mesma reportagem. A especialização do médico, que fez curso de pós-graduação em nutrologia, também é objeto de questionamento. Segundo uma nota da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), “para obter a titulação de nutrólogo, é necessário que o médico faça uma prova que tem o aval do Conselho Federal de Medicina, da Associação Médica Brasileira e da Aban”, diz o comunicado. De acordo com a Abran, Barakat não cumpriu até hoje esse protocolo. Ou seja, somente a pós-gradução na área não o credencia para usar a titulação de médico-nutrólogo.
Em nota sobre o caso Netinho, Barakat confirma que prestou atendimento ao cantor durante o período informado, mas alega que “não há relação entre os episódios que culminaram na situação agravada de saúde pela qual passou o cantor”. O texto alega ainda que, a partir de 2013, ano que o cantor foi internado pela primeira vez, Barakat e Netinho não tiveram nenhum contato. “Com isso, pode-se observar que se passou um longo período entre o contato aproximado que tive com o Netinho e os episódios que ele infelizmente vivenciou. Vale ressaltar, inclusive, que em nenhum momento houve um contato por meio do cantor pelos meios cabíveis e jurídicos. Em nenhuma esfera“, escreveu.
Procurado após a divulgação do boletim, o médico recusou-se a prestar maiores esclarecimentos sobre o caso.