Doria nega “salve geral” de traficantes para saída do fluxo da Cracolândia
Ao contrário do que dizem dependentes químicos, moradores e até policiais, governador afirma não haver ordem de liderança do crime
Ao comentar o esvaziamento das ruas da chamada Cracolândia no último final de semana, o governador João Doria (PSDB), afirmou nesta quarta-feira (23) não ter ocorrido nenhum “salve geral” do tráfico ordenando que as pessoas saíssem, conforme relatam dependentes químicos, moradores, comerciantes e alguns policiais que atuam na região.
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“Não há informação oficial de que tenha havido manifestação de qualquer liderança de qualquer facção criminosa”, afirmou, ressaltando que o setor de inteligência da Polícia Civil não confirmou essa informação.
Doria respondeu a uma pergunta a respeito de uma declaração atribuída ao delegado Roberto Monteiro Júnior, titular da 1ª Delegacia Seccional do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), responsável pela região.
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O agente foi um dos vários entrevistados ouvidos pela Vejinha em reportagem publicada na terça-feira que revelou detalhes do que vem ocorrendo na chamada Nova Luz. Parte dos dependentes químicos e traficantes que atuavam nas imediações da rua Helvétia e praça Júlio Prestes migrou para a praça Princesa Isabel, lotando o espaço que já era ocupado por pessoas em situação de rua. Os demais se espalharam pela cidade. Confira neste link a reportagem completa.
Já as ruas da “antiga” Cracolândia ficaram vazias, sendo ocupadas apenas por viaturas da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e PM (Polícia Militar), além de equipes de zeladoria que estavam reparando calçadas e fazendo outros serviços.
A proposta é a de liberar o local para que ônibus e veículos voltem a circulam na região.
Questionado ainda na terça-feira por VEJA São Paulo, o próprio policial não confirmou o “salve geral”, embora essa seja uma informação sustentada até por agentes das forças públicas de segurança que conhecem bem a área.
Alinhado com o discurso de outras autoridades públicas da Prefeitura de São Paulo e do próprio governo estadual, Doria afirma que a saída foi resultado do combate ao tráfico, feito pela GCM e polícias Civil e Militar. “Houve uma dispersão daquelas pessoas que infelizmente são vítimas do crack e são consumidoras de drogas”, diz.
Especialistas rechaçam que esse seja o real motivo.