Dono da D-Edge diz querer que Baby se retrate publicamente de fala sobre abuso
Renato Ratier postou comunicado em seu perfil no Instagram onde diz discordar e lamentar discurso de cantora

O empresário Renato Ratier, proprietário da casa D-Edge, na Barra Funda em São Paulo, usou seu perfil no Instagram para dizer que lamenta a fala da cantora Baby do Brasil durante um culto realizado na casa na última segunda-feira (10). Durante a pregação, a artista disse que vítimas de abuso sexual devem perdoar seus abusadores.
Ratier diz em comunicado que está em contato com Baby para ela justificar seu discurso publicamente, por não refletir os valores da casa e do empresário. Ele ainda afirma no comunicado que foi a primeira e última vez que abriu a D-Edge para um evento evangélico.
O empresário diz não concordar com as falas de Baby e de outro convidado – que sugeriu a “cura gay” durante a pregação.
Baby do Brasil fez um discurso em que defendeu o perdão a abusadores.
“Perdoa tudo que você tiver de ruim no seu coração (…) Se teve abuso sexual, perdoa. Se foi na família, perdoa”, afirmou.
Vídeos com a fala da cantora circulam nas redes sociais desde a noite de segunda e causaram revolva. Adjetivos como bizarro e assustador estão entre os usados por usuários das redes para classificarem o discurso de Baby.
A manifestação é vista como problemática, mas não configura crime, segundo o advogado Ariel de Castro, especialista em direitos humanos e segurança pública e ex-secretário nacional dos direitos da criança e do adolescente. “A fala dela não especificou nenhum caso, ela está amparada no direito de opinião, liberdade de expressão e religiosa”, afirmou.
Apesar de não caber processo, a declaração da cantora colabora para a impunidade do crime de abuso sexual. “Esse discurso pode incitar e estimular esse crime, além de gerar revitimização e desproteção às vítimas”, disse de Castro. “Ele desestimula as vítimas de violência sexual em ambientes domésticos a denunciarem seus algozes”.
O discurso de Baby ocorreu durante um culto religioso intitulado “Frequência com Deus”, no espaço de música eletrônica na Barra Funda, cujo dono é Renato Ratier. “O papel da religião não pode ser de favorecer a ocorrência de crimes e a impunidade, e sim de prevenir e combater”, defende o advogado.
A Vejinha entrou em contato com Baby do Brasil, mas não obteve resposta.