Educação emocional auxilia no desenvolvimento das crianças

Celebrando o Dia das Crianças, convidamos nove crianças para falar sobre como interpretam o universo das emoções

Por Vanessa Barone e Luana Machado
11 out 2024, 06h00
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Inspirados nos filmes Divertida Mente, da Disney Pixar, convidamos nove crianças para encenar os principais sentimentos (Paulo Vitale/Veja SP)
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Crianças não nascem sabendo modular as emoções. Isso vem com o próprio desenvolvimento e com a ajuda dos pais, parentes e instituições que as cercam. E, nesse percurso de autoconhecimento, os sentimentos flutuam, se alternando radicalmente, às vezes, no espaço de um dia. Não raro, culminam nas chamadas birras ou em crises de choro.

Esse período pode ser difícil, mas passa conforme a criança aprende a nomear as emoções e tem a chance de expressá-las de forma mais equilibrada. “Não há emoções negativas ou positivas: todas são fundamentais”, diz Renata Lacombe, mestre e doutora em psicologia, pesquisadora e consultora na área da infância. “Somos feitos de todas elas.”

À medida que crescem, as crianças ampliam seu universo de emoções e aprendem a se relacionar com as outras pessoas, assim como a personagem Riley do longa de animação Divertida Mente 2, que inspira esta matéria. “O filme trouxe esse assunto para a mesa, mostrou a importância de se nomear as emoções, pois isso ajuda a lidar melhor com elas”, afirma Renata. Até porque, como disse a psicóloga, somos feitos de todo tipo de sentimentos.

Um exemplo: para esta reportagem, convidamos nove crianças, entre 5 e 12 anos, para se vestirem com as cores de uma das emoções que aparecem em Divertida Mente 2. Mas, na prática, a história foi outra. O menino Rio Sora Higa, 6, que escolheu representar a tristeza, chegou para o ensaio fotográfico cheio de alegria. Já Maria Abelleira Brandão, 6, nossa representante da alegria, veio desconfiada, séria e só abriu um sorriso quando começou a ficar mais à vontade com a experiência e vestiu seu lindo vestido amarelo para “viver” a personagem em cena.

Já Lucas Florido Santos Silva, 8, que escolheu viver o medo, se mostrou alegre e ansioso para participar do ensaio — sem medo nenhum. Porque emoções são assim: mudam o tempo todo e às vezes embaralham tudo. Por isso, introduzir esse universo emocional e equipar os pequenos com ferramentas para lidar com os sentimentos no dia a dia pode ser um desafio e tanto para quem acompanha as crianças.

“A melhor forma é sempre ter escuta e dar liberdade para elas se engajarem como quiserem. É importante usar linguagem clara, sempre sugerir ferramentas para enfrentamento do problema, e não resoluções. Além disso, é importante ter exemplos objetivos. Os terapeutas da infância, por exemplo, costumam usar jogos, brincadeiras, livros e séries para se comunicarem de maneira mais eficaz”, indica o psiquiatra Rodrigo Bressan, presidente do Instituto Ame Sua Mente, que atua em escolas auxiliando na formação em saúde mental para educadores.

A própria psicóloga Renata Lacombe indica alguns livros que utiliza ao atender crianças: Sentimentos (Ciranda Cultural), de Richard Jones e Libby Walden, A Raiva (Pequena Zahar), de Blandina Franco e José Carlos Lollo, O Livro dos Sentimentos (Panda Books), de Todd Parr, e O Monstro das Cores (Aletria), de Anna Llenas. “Os livros nos ajudam a acolher as crianças e a encontrar estratégias para lidar com o que elas sentem”, confirma Renata.

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Assim, elas são capazes de adquirir camadas emocionais que vão contribuir para uma melhor apreensão do mundo. Para auxiliar nesse caminho, a arte-educadora Fernanda Zerbini utiliza atividades lúdicas e artísticas. Com mais de vinte anos de carreira, ela acredita que essa vivência ajuda na “faxina interna” dos pequenos. “Gosto de propor atividades mais livres, sem muito direcionamento, para que eles possam experimentar coisas novas”, afirma Fernanda.

E é nesse espaço de acolhimento e troca que crianças e adolescentes podem “descongelar” os sentimentos, se soltar e contar suas histórias. “Espontaneamente, por meio da livre associação, eles conseguem traduzir o que sentem.” Vale ressaltar que tudo isso é favorecido pela grande sensibilidade das crianças. “Para nós adultos, com as emoções domesticadas, esse caminho é mais difícil.”

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(Julie Rambaud/Veja SP)

 

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Maria Abelleira Brandão, de 6 anos, vestindo vestido da Fábula inspirada na Alegria (Paulo Vitale/Veja SP)

Maria Abelleira Brandão, 6, que representa a Alegria, não mostra seu lado entusiasmado para qualquer um. Mas experimente convidá-la para pular em uma cama elástica. O sorriso vem na hora e ela vai contar da última vez em que brincou em uma dessas com as amigas. “Era um parque inteiro, só com pula-pulas”, recorda ela, com um sorriso que começa já no olhar. Com o mesmo entusiasmo, relembra da viagem que fez com a família à Disneyland Paris, na França. “Fui em três montanhas-russas, uma delas tinha tema da personagem Tinker Bell e outra do Nemo”, conta a menina, animada com a façanha que, em um primeiro momento, causou certo receio na mãe, Andrea Abelleira. Mas o entusiasmo venceu o medo e ninguém se arrependeu, garante a menina.

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Quero ser veterinária e ter uma pet shop.

Maria Abelleira Brandão

Maria só retoma o ar mais sério quando fala do futuro. “Quero ser veterinária e ter uma pet shop”, sentencia ela, que diz adorar matemática e ciências — matérias, aliás, que combinam com sua mente curiosa. “Na última aula, aprendemos a fazer aviões de papel”, revela Maria, enquanto sonha com a viagem que a leve para a próxima montanha-russa. (VB)

 

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(Julie Rambaud/Veja SP)
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O pequeno artista Rio Higa, 6, inspirado na Tristeza (Paulo Vitale/Veja SP)

Apesar da carinha sapeca, Rio Sora Higa, 6, tem seus momentos de tristeza. Mas também de alegria, medo e raiva, como qualquer menino da sua idade. Mas sendo uma criança atípica, no espectro autista, Rio expressa suas emoções de forma particular: através de seus desenhos. “Os desenhos ajudam quando ele precisa se regular”, diz a mãe, Luciana Campos, que vem registrando os trabalhos do filho por meio do Instagram — com um perfil que já conta com mais de 130 000 seguidores.

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Ele está numa fase ‘emo’, ouvindo indie rock.

Luciana Campos, mãe do Rio

É por meio da arte que Rio expressa a sua visão sobre o mundo e sobre ele mesmo. Ora é mais abstrato, ora é literal. Se está cansado de socializar, por exemplo, desenha uma bateria quase sem carga — deixando claro como se sente. “Cada dia mais, Rio traz a cidade e o seu cotidiano para seus rascunhos e estudos”, revela a mãe, que nos conta como seu filho é único até quando está emocionado. “Ele está numa fase ‘emo’, ouvindo indie rock”, diz. E, quando a música cala fundo, Rio deixa escorrer uma única lágrima. É seu jeito especial de dizer que se deixou levar pelas emoções. (VB)

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(Julie Rambaud/Veja SP)
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Martim, 10, interpretando o Raiva (Paulo Vitale/Veja SP)

Questionador e esperto, Martin Lou Maia Jimeno sabe definir muito bem os sentimentos. Vestido do personagem Raiva, o menino de 10 anos contou como se identifica com a emoção e ainda lembrou quando a sentiu pela última vez. “Eu sempre fico com raiva quando eu vejo algo errado, uma injustiça. Eu não gosto de conflito”, confessou.

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Eu fico com raiva quando vejo uma injustiça.

Martin Lou Maia Jimeno

Fã da práti- ca esportiva, Martin libera a ansiedade e a alegria quando joga futebol, tênis e pratica natação. “Sinto uma ansiedade boa, de quando a gente espera algo acontecer. Mas sei que existe uma forma ruim de sentir ela, muitas pessoas não conseguem dormir”, conta. Na Escola Carlitos, onde estuda, Martin costuma compartilhar o que sente com os amigos. “A gente sente as coisas juntos. Quando eu estou bravo, eles também estão”, diz. (LM)

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(Julie Rambaud/Veja SP)
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Lucas Florido, de 8 anos, se inspira no Medo (Paulo Vitale/Veja SP)

Morador da Zona Norte, Lucas Florido Santos Silva, 8, lida com o desafio de regular as emoções há muito tempo. Diagnosticado com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), o pequeno possui uma rotina repleta de atividades esportivas, como capoeira e basquete, além da terapia semanal. “Antes, eu só sentia ansiedade. Aprendi com a psicóloga para quando estiver ansioso parar e respirar”, conta. Esperto sobre os desafios do domínio de uma emoção, o paulistano, que utiliza as emoções de Divertida Mente na terapia, critica a Tristeza: “Eu não gosto dela, porque ela está sempre triste. As outras emoções sentem outros sentimentos”.

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Aprendi a parar e respirar quando estou ansioso.

Lucas Florido Santos Silva

Para desacelerar, Lucas também ama desenhar e, inclusive, fez uma série de desenhos com os personagens da animação. “É o hiperfoco dele. O desenho é uma ferramenta de expressão para a criança lidar e demonstrar o que está sentindo”, diz a mãe, Tatiana Aparecida dos Santos, coautora do livro SuperBlack — O Poder da Representatividade (Clube da Cultura), que tem Lucas como protagonista. (LM).

 

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(Julie Rambaud/Veja SP)

 

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Rosa, 5, veste Fábula inspirada na Nojinho (Paulo Vitale/Veja SP)

Caçula dessa turma, Rosa Martinelli Granato, 5, quis “viver” o personagem Nojinho em nosso ensaio. Tudo para poder declarar, em alto e bom som, a razão de sentir nojo: “Eu odeio mamão”, afirma ela, que é filha única da comunicadora e curadora musical Roberta Martinelli e do artista e professor Pedro Granato.

Detesto mamão! Mas não tenho nojo de barata e até já peguei na mão.

Rosa Martinelli Granato

Destemida, ela conta que nem baratas são capazes de fazê-la franzir o rosto. “Ih, eu já até peguei uma na mão”, relembra a menina, que fica tentando pensar no que mais a deixa desconfortável, como a charmosa personagem verde do filme. Meleca? Lama? Baba de quiabo? Inseto esmagado? “Não, só mamão mesmo”, desconversa Rosa, mais preocupada em aproveitar a ocasião em grupo para rir e fazer novos amigos. Até perceber que um dos colegas de ensaio não estava se sentindo bem. Ela corre para o outro lado. “Não posso ver, se não, também passo mal.” Ah, dona Rosa, será que descobrimos um outro nojinho seu? (VB)

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(Julie Rambaud/Veja SP)

 

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Melissa, 6, interpreta a Ansiedade (Paulo Vitale/Veja SP)

Com jeito espevitado e lindo sorriso com “janelinha”, Melissa Moriconi C. Lapa, 6, ilumina o ambiente e poderia muito bem encarnar a alegria. Mas preferiu se vestir de Ansiedade — a divertida nova emoção que toma conta da cabeça de Riley, a protagonista pré-adolescente de Divertida Mente 2.

Ela fica muito ansiosa quando vai encontrar o melhor amigo.

Bruna Moriconi, mãe da Melissa

Mas onde a ansiedade se encaixa na vida de alguém tão jovem? Em tudo o que diga respeito ao amigo Otto, colega de aventuras desde que eram bebês e seus pais os levavam para fazer trilhas e conhecer cachoeiras. “Eles foram juntos para o Pantanal e a Chapada dos Guimarães”, conta a mãe, Bruna Moriconi Cropanizzo, que possui várias fotos das crianças juntas. Mas, há cerca de um ano, Otto mudou-se com a família para Florianópolis e os momentos de diversão lado a lado ficaram mais raros. “Cada vez que eles vão se encontrar, ela fica muito ansiosa”, diz a mãe. Mas essa é daquelas ansiedades boas, certo, Melissa? “Sim”, responde essa loirinha de sorriso fácil. (VB)

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(Julie Rambaud/Veja SP)
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A atriz mirim Sarah Vitória, 12, é a Inveja (Paulo Vitale/Veja SP)

Natural de Itaquaquecetuba, Sarah Vitória, 12, entende bastante de emoções por causa dos trabalhos nas telas. Atriz e modelo, ela se identifica com o desenvolvimento da personagem Riley, a protagonista de Divertida Mente 2. “As nossas emoções não são as mesmas quando a gente entra na adolescência. A gente cresce e sente coisas novas”, desabafa. Apaixonada por livros, Sarah também identifica mudanças nas leituras. “Meus livros preferidos são de romance. Mas, agora, também estou gostando de suspense e terror”, compartilha.

A gente cresce e sente emoções novas.

Sarah Vitória

A transição da infância para a adolescência, momento repleto de tensões e revoluções internas, ganha novos contornos por ser uma jovem artista. “A pré-adolescência é um desafio para atrizes mirins, porque se torna um limbo para se encaixar em personagens: ela não consegue pegar mais papéis infantis, mas também não é propriamente uma adolescente”, confessa a mãe, Ana Cristina do Nascimento. Onde estuda, na Escola Estadual Rodrigues Alves, na Bela Vista, Sarah é incentivada a conversar com os colegas sobre o emocional em uma roda de desabafo. “Acontece todo mês e a gente conta sobre nossos problemas, o que está acontecendo dentro da gente”, diz. (LM)

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(Julie Rambaud/Veja SP)
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Cauê Alexandre, 10, inspirado no Vergonha (Paulo Vitale/Veja SP)

Com 10 anos, o futuro cientista Cauê Alexandre da Costa, morador da Zona Norte, já sabe reconhecer e nomear os sentimentos. “Ele trabalha muito o filme Divertida Mente com a psicóloga para entender cada emoção. Esses dias, eu estava com crise de ansiedade e ele percebeu na hora e disse: ‘Olha, mãe, a sua ansiedade está na mesa de controle’”, conta Marcela Alexandra da Silva.

Eu não sinto muita vergonha, gosto bastante de falar.

Cauê Alexandre da Costa

Falante e extrovertido, Cauê diz que sua emoção favorita é o Vergonha. “O personagem é muito engraçado. Mas eu não sinto muita vergonha, gosto bastante de falar. Na minha escola todo mundo é envergonhado, menos eu”, afirma. Mesmo falante, Cauê é um dos melhores alunos do Colégio Silvio Gonzalez, no bairro do Limão, e fala com orgulho: “Minha nota mais baixa é 7!”.

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(Julie Rambaud/Veja SP)
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Muká, 8, interpreta o Tédio (Paulo Vitale/Veja SP)

Dono de um par de encantadores olhos azuis, Muká Zerbini Borim, 8, é uma criança animada, brincalhona e sociável. Ele adora música (a mãe Roberta é cantora e compositora), pintura e tudo que diz respeito à natureza. Mas, de uns tempos para cá, o tédio vem visitando essa personalidade naturalmente curiosa. “Estou fazendo uma história em quadrinhos”, foi tudo o que revelou o menino sobre sua rotina, atualmente. Vale mencionar que, há oito meses, ele ganhou uma irmãzinha, com quem divide o quarto e muitas risadas.

Muká é animado, brincalhão e muito sociável”

Ângelo Borim, pai de Muká

Naturalmente, a mudança na dinâmica familiar despertou novos sentimentos. “Parece que ele desaprendeu o que já sabia fazer sozinho, como tomar banho e escovar os dentes”, diz o pai, Ângelo Borim. Compreensível. Mas quem nunca penou com a chegada de um bebê em casa não conhece a felicidade que é ter um irmão. Com todas as suas aptidões artísticas, até o tédio promete ser inspirador. “Ele aprendeu a ler sozinho, desenhando as letras”, relembra a tia, a arte-educadora Fernanda Zerbini, com quem Muká certamente aprendeu a gostar de arte. Ou, quem sabe, foi influência de seu nome: Muká significa “unir e dançar”, em dialeto pataxó. Duas atividades que certamente combinam muito mais com sua personalidade. (VB)

Metodologia utilizada em escola na Vila Mariana trabalha habilidades socioemocionais com os alunos

Desde 2017, a rede de escolas Eleva, com unidade na Vila Mariana, implanta a metodologia do programa LIV — Laboratório Inteligência de Vida, que desenvolve educação socioemocional para crianças e adolescentes. O método é utilizado desde a educação infantil até o ensino médio.

Nos primeiros anos, as crianças têm contato com a alfabetização emocional, na qual reconhecem e nomeiam as emoções. “É baseado nos estudos de Paul Ekman, que foi consultor da franquia Divertida Mente. Ele entende que existem cinco emoções atemporais: medo, alegria, tristeza, raiva e nojo. Mas, no LIV, adaptamos a quinta emoção para o amor, que é essencial nos vínculos afetivos”, explica Ricardo Becker, coordenador do laboratório.

No fundamental I, os alunos ampliam a percepção das emoções a partir da contação de histórias, música e outras atividades lúdicas, para, posteriormente, nas séries fundamentais finais, trabalharem habilidades socioemocionais, como a colaboração e o pensamento crítico. “Não limitamos a definição das emoções, mas orientamos o reconhecimento e regulação delas. Vemos a empatia e as relações interpessoais”, conta Becker.

Já no ensino médio, os adolescentes são convidados a pensar no futuro e traçar projetos de vida. Toda a metodologia é realizada com acompanhamento dos profissionais da escola, sendo professores ou psicólogos com a certificação LIV. A rede também realiza uma formação própria, diante da necessidade de adaptar o material e o método para a realidade da unidade de ensino.

Na formação, realizada por toda a equipe, os profissionais também são convidados a pensar de forma interdisciplinar o conteúdo socio-emocional. “Não adianta ser somente teórico, tem que trazer dinâmicas, para eles serem incentivados a ter escuta e conversarem. São pontos importantes para futuros adultos, mas também para as crianças do presente”, afirma o coordenador.

Publicado em VEJA São Paulo 11 de outubro de 2024, edição nº 2914

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