✪✪✪ “Boca de Ouro”Depois de apostar em “Doroteia” e “Viúva, Porém Honesta”, a diretora Eloisa Vitz dirige a tragédia carioca de 1959 centrada em um bicheiro (interpretado por Elam Lima, jovem e loiro, distante do estereótipo do contraventor) que troca a dentadura natural por outra feita de ouro. A história é contada em três versões por uma de suas amantes, dona Guigui (a atriz Rafaela Ferri), depois do assassinato do protagonista, envolvendo o casal Leleco (Marcos Machado) e Celeste (papel de Eloisa).
✪✪ “A Falecida”Sob a direção de Marco Antônio Braz, Maria Luisa Mendonça vive a suburbana Zulmira, que sonha em ter um enterro de luxo. Casada com Tuninho (papel de Rodrigo Fregnan), ela carrega a intuição de que sua vida será breve. Nesta montagem, o problema está na escalação do elenco. Maria Luisa é convincente, mas se afasta do espírito da personagem. O principal equívoco, no entanto, é Fregnan, sem a alma do malandro.
✪✪✪ “A Serpente”
O Grupo Gattu investe na última peça do dramaturgo, de 1978. Duas irmãs (as atrizes Daniela Rocha Rosa e Eloisa Vitz) e seus maridos (Daniel Gonzáles e Elam Lima) dividem um apartamento. Enquanto Guida e Paulo vivem felizes, Lígia desespera-se diante da impotência de Décio. Uma crise é deflagrada quando Guida oferece o parceiro à irmã. Também diretora, Eloisa Vitz cria uma encenação com competência já comprovada.
Adaptação de Elias Andreato para crônicas de Nelson Rodrigues. Em 1949, o autor de “Vestido de Noiva” assinou uma coluna no jornal “Diário da Noite” sob o pseudônimo de Myrna. Por lá, Nelson dava conselhos sentimentais irônicos e muitas vezes pessimistas para as leitoras, além de refletir sobre a condição social feminina. Luciana Borghi interpreta Myrna. Com Roque Gomes. Direção de Renato Borghi e Elcio Nogueira.
O único espetáculo-solo de Nelson Rodrigues, escrito em 1951, conta a história de Sônia, uma adolescente de 15 anos morta com uma facada. Trata-se da terceira montagem da história na cidade em um ano. Sob a direção de Eric Lenate, Renata Calmon interpreta a personagem que, em uma reflexão profunda, tenta reconstituir sua vida e entender os motivos para o seu assassinato.
✪✪ “Doroteia”O diretor João Fonseca investe no universo rodriguiano. Escrito em 1949, este é um dos difíceis textos do autor. Eficiente na televisão, Alinne Moraes reafirma desenvoltura como a ex-prostituta que busca abrigo na casa de três primas viúvas. Ao lado das castas dona Flávia, Carmelita e Maura, ela tenta se purificar dos pecados. Fonseca procura um diferencial com interessantes inserções de músicas pop e coreografias.
✪✪✪ “Boca de Ouro”
Marco Ricca dá vida ao bicheiro, privilegiando seu lado cafajeste. Sua vida é contada em três versões por uma de suas amantes, Guigui (Lara Córdulla), após a morte do contraventor. O diretor Marco Antônio Braz acertou ao optar por uma atualização velada da trama.
Ao transformar em musical a tragédia de 1947, o diretor Zé Henrique de Paula mostra-se corajoso. A história de dona Eduarda (Einat Falbel) e Misael (Tony Giusti), que acabam de perder a filha caçula, está intacta. “Pedaço de Mim” e “A Ostra e o Vento”, de Chico Buarque, figuram entre as onze canções inseridas na trama. Interpretadas pelo elenco na companhia de Fernanda Maia ao piano e Luciana Rosa no violoncelo, vez ou outra elas soam excessivas, mas o bom trabalho dos 21 atores garante a tensão dramática.
✪✪✪ “17 X Nelson — Parte 2 — Se Não É Eterno Não É Amor”
Adaptação de Nelson Baskerville. Neste drama dirigido pelo adaptador, onze atores transpõem para o espetáculo a obra teatral completa de Nelson Rodrigues. São sessenta personagens em fragmentos de dezessete peças, cheias de tramas familiares e tabus, sem a preocupação explícita de estabelecer uma unidade. Com Adilson Azevedo, Adriana Guerra, Carolina Parra, Carol Carreiro, Gabriela Fontana, Luciana Azevedo e outros.
✪✪✪✪ “Os Sete Gatinhos”
A tragédia é centrada na família de Noronha (Renato Borghi), na qual todos se sacrificam em torno de um objetivo: fazer com que a caçula se case virgem. Quando a garota engravida, o clã entra em colapso. A montagem irreverente em nenhum momento menospreza a essência dos personagens.