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Aumento dos aplicativos de delivery causa transtornos em ruas da capital

A Rua Maria Rosa, no Itaim Bibi, é uma das mais tumultuadas pelo acúmulo de motoqueiros à espera de pedidos

Por Guilherme Queiroz
Atualizado em 9 nov 2018, 06h00 - Publicado em 9 nov 2018, 06h00
 (Marcelo Justo/Veja SP)
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A comodidade de pedir comida em casa pelo celular levou a uma popularização da prática na capital em tempos recentes e obrigou os restaurantes a terceirizar um serviço antes prestado por funcionários próprios. Após a iFood estrear por aqui em 2011, outras três grandes operadoras entraram no mercado nos últimos três anos, aumentando a quantidade de motoqueiros com mochilas coloridas pelas ruas da cidade. Em comum, todas empregam profissionais autônomos, que recebem os pedidos pelo aparelho próprio, buscam a refeição no restaurante e a entregam na casa do cliente. Na sequência, podem realizar o delivery de um estabelecimento diferente, em outro canto da cidade. A pioneira iFood, conhecida pelas mochilas vermelhas, faturou 370 milhões de reais em 2017. Também registrou um crescimento de cerca de 90% no número de pedidos realizados pela plataforma e de restaurantes atendidos.

A concorrência no setor aumentou no começo de 2016, quando o Uber, popular no ramo de motoristas privados, lançou o seu serviço de entregas, batizado de Uber Eats, com motoqueiros de mochila verde. O gigante americano está presente em mais de 100 000 restaurantes de 350 cidades do mundo. Mais recentemente, em março, foi a vez da espanhola Glovo, amarela, aportar aqui. Em poucos meses, a empresa ampliou sua atuação para cerca de 3 000 estabelecimentos no país. Em junho de 2017, a colombiana Rappi (laranja) movimentou de vez esse já aquecido mercado. Após captar cerca de 1,5 bilhão de reais em investimentos para expandir-se na América Latina, a companhia atingiu a marca de 800 000 usuários no país.

Além disso, o grupo firmou parcerias com famosas redes de fast-food, como a Wendy’s, franquia americana de hambúrgueres com quatro pontos na capital. “Temos um funcionário exclusivo, com tablet e computador, para atender apenas às solicitações do aplicativo”, diz o diretor executivo da operação brasileira, Humberto Soares. Os pedidos virtuais representam até 25% das vendas nas unidades da marca.

Moradores com boletim – Alexandre Battibugli
Os moradores do Itaim exibem os boletins de ocorrência sobre as batidas (Alexandre Battibugli/Veja SP)

A popularidade dessas plataformas foi acompanhada, no entanto, por uma disputa pelas ruas da capital. Uma prática comum dos motoqueiros é marcar ponto nas áreas com grande número de pedidos. É o caso da Rua Maria Rosa, no Itaim Bibi, onde fica uma das unidades do restaurante japonês Sush1. Somente em junho, os dois endereços do restaurante de comida japonesa na cidade receberam 21 233 pedidos.

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A partir dessa época, até cinquenta motos passaram a se acumular na pequena rua da Zona Oeste, o que vem incomodando os moradores de uma vila próxima, com somente dez residências. “Não conseguimos entrar e sair de casa, eles ficam parados no meio da via e no nosso portão”, diz a designer Carol Figueiredo, uma das moradoras. “Já chamamos a polícia diversas vezes para tentar solucionar o problema.” Os vizinhos também reclamam de acúmulo de lixo, do forte cheiro de urina, e, no dia 11 de outubro, decidiram registrar um boletim de ocorrência no 15º DP, no Itaim. “Nem conversar com um dos sócios do restaurante ajudou a resolver a questão”, completa Carol.

RUA_MARIAROSA – delivery – Alexandre Battibugli
Acúmulo de motos na Rua Maria Rosa causa dor de cabeça aos moradores (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Na outra ponta, há problemas na relação entre os motoqueiros e as companhias. Segundo a prefeitura, existem hoje 7 267 condutores cadastrados e 6 482 motos licenciadas como motofrete na cidade. Em geral, os aplicativos pedem apenas os documentos do veículo e a habilitação para criar um vínculo com o profissional. “Mas a lei estabelece que todos devem estar cadastrados no Condumoto”, diz o advogado Otavio Pinto e Silva, especialista na área. Ele se refere à regulamentação municipal para os prestadores do motofrete, que inclui requisitos como curso básico, tempo mínimo de carta, vistorias no veículo e equipamentos básicos de segurança. O descumprimento pode acarretar multa, suspensão ou cassação. “Essa situação provoca insegurança na população”, afirma o presidente da Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil, Edgar Silva.

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Na última quarta-feira (7), houve um protesto dos entregadores nas ruas da capital. O ato ocorreu após uma das empresas de delivery terceirizado, a Rappi, ter diminuído o valor mínimo do frete. Segundo a organização, reuniram-se cerca de 500 manifestantes, que percorreram vias como a as avenidas Paulista e Rebouças em motos e bicicletas.

Comida em duas rodas
(VEJASP/Veja SP)
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