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OLÁ,

Delegado-geral da Polícia Civil: “reduzi os homicídios em 70%”

Domingos Paulo Neto foi empossado delegado-geral em 2009, o posto mais alto da carreira

Por Henrique Skujis
Atualizado em 5 dez 2016, 18h50 - Publicado em 30 abr 2010, 21h04

Apenas Domingos Paulo Neto foi de terno e gravata. Era o primeiro dia de trabalho após dois anos de curso na Academia da Polícia Civil. Na hora da divisão das funções, o figurino lhe rendeu a melhor delas: fazer parte da escolta do delegado-geral da época. Corria o ano de 1976 e Domingos acabava de completar 19 anos. O episódio talvez explique algumas das medidas tomadas mais de três décadas depois, em março de 2009, quando ele foi empossado delegado-geral, o posto mais alto da carreira.

Domingos pediu aos delegados que passassem a vestir terno e gravata e tirou a cor vermelha das viaturas para baratear o conserto dos veículos acidentados e fazer um resgate histórico: os carros da Polícia Civil sempre foram pintados com as cores preta e branca. Além disso, acabou com os símbolos que representavam os diversos departamentos da Polícia Civil. “Tinha cachorro, coruja, tigre, águia…”, diz. “Agora, o único emblema é o da Polícia Civil.”

Desde o primeiro dia como policial (aquele do terno e da gravata), o paulistano Domingos, 53 anos, nascido e criado no Glicério, mantém um diário no qual relata, sem uma falta sequer, os detalhes das operações das quais participou. A primeira delas, por exemplo, como investigador do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), foi a busca ao maníaco do Brás, que matava mulheres e escrevia na parede com batom, esmalte ou sangue o nome da próxima vítima. “Após muita investigação, com direito a esconderijo dentro do armário de um hotel, a captura não foi possível porque nosso Fusca movido a álcool demorou para pegar.”

Como delegado titular, passou por cidades como Catanduva, onde se casou, e Catiguá. De volta à capital, um entrevero político fez com que sua carreira voltasse quase meia década. Foi remanejado como delegado assistente para distritos barras-pesadas na periferia de São Paulo, como Parada de Taipas, Parque Santo Antônio e Campo Limpo. “Não reclamei. Minha passagem por esses lugares foi uma lição de vida.” A sorte sorriu para Domingos em 1995, quando sua delegacia recebeu a visita do governador Mário Covas. “Ele viu os resultados e fui promovido à seccional de Santo Amaro.”

O passo mais largo, no entanto, veio quando Domingos assumiu a direção do DHPP. Durante sua gestão, entre 2001 e 2007, o número de homicídios despencou 70% no estado. Houve três estratégias para a relevante queda. “Fixamos equipes nos bairros para que os policiais pudessem conhecer melhor os locais e os moradores, usamos tecnologia para mapear cada tipo de crime por região e, por último, permitimos que os investigadores realizassem prisões.” No ano seguinte, ele foi para o Departamento de Inteligência (Dipol). Durante a greve da Polícia Civil, recusou-se a demitir um delegado a pedido de superiores. “Não queria cometer com ele a injustiça que fizeram comigo.” A atitude foi muito bem recebida pela corporação e, claro, está em destaque no seu diário.

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